Mini buggys, blindagem de carros e vestidos à mulher de Cabral foram usados para lavar dinheiro, diz MP

  • Por Jovem Pan
  • 17/11/2016 11h24
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Tania Rego/Agência Brasil Tania Rego/Agência Brasil Sérgio Cabral

Compras de luxo suspeitas realizadas com dinheiro em espécie e o pagamento, também em espécie, de parcelas de R$ 9 mil foram constatados pelo Ministério Público como forma de ocultar dinheiro fruto de propina exigida pelo governo do Rio de Janeiro. Foram presos preventivamente pela Polícia Federal nesta quinta-feira (17) o ex-governador do Rio Ségio Cabralo ex-secretário do governo de Cabral, Wilson Carlos, e o ex-secretário de obras, Hudson Braga.

“O Ministério Público apurou atos de lavagem de dinheiro com pagamentos em espécie de bens de alto valor e também com depósitos em contas bancárias em espécie, divididos em valores de até R$ 10 mil para evitar a fiscalização financeira”, explica o procurador Athayde Ribeiro Costa, que atua na força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, mas esteve no Rio de Janeiro nesta quinta (17) para explicar a relação da Operação Calicute com a Lava Jato. Em 2007, foram identificados depósitos fracionados de R$ 9 mil nas contas de Sérgio Cabral e Carlos Emanuel Miranda, ex-sócio e homem de confiança do então governador.

“Várias compras foram efetuadas em dinheiro em espécie, como por exemplo: móveis para escritórios, mini buggies, eletrodomésticos, seis vestidos de festa para a então primeira-dama (Adriana Ancelmo, também levada para depor), equipamentos agricolas para o sr. Carlos Miranda, máquinas para fazendas, blindagem de veículos e parcelas de financiamentos de veículos”, relata em seguida o procurador.

Athayde focou na investigação relacionada com o contrato de terraplanagem do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).

Segundo o investigador, nesta obra específica do Comperj, “Cabral fez solicitação de vantagens indevidas a executivos da Andrade Gutierrez”. Teria sido combinado o valor de R$ 2,7 milhões de propina em reunião dentro do Palácio do Guanabara, sede do governo estadual, 1% do valor de participação naquele contrato. O valor teria sido pago em espécie e Alberto Quintaes (ex-diretor comercial da Andrade Gutierrez) e Carlos Miranda “viajaram a São Paulo (à sede da empresa na capital paulista) para obter valores em espécie destinados a Sérgio Cabral”, segundo o procurador.

“É possível que outras empresas do Comperj tenham recebido solicitação de propina”, não descarta Athayde Ribeiro.

Junto a Quintaes foi encontrada uma tabela que discriminava a propina estimada, de R$ 13 milhões, e a propina efetivamente paga aos agentes púlicos, de R$ 7,7 milhões, com R$ 2,7 milhões relacionados ao Comperj.

Outras obras e propinas

Além das obras no Comperj, são apurados pagamentos de propinas na reforma do Maracanã, na construção do Arco Metropolitano e o chamado “PAC das Favelas”. A soma de propina solicitada é estimada em R$ 224 milhões, segundo o procurador federal do Rio Lauro Coelho Junior.

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