Ministério da Ciência não acabou, diz Kassab

  • Por Estadão Conteúdo
  • 02/06/2016 09h22
O ministro das Cidades, Gilberto Kassab, participa do debate da Marcha dos Vereadores 2015 (Valter Campanato/Agência Brasil) Valter Campanato / Agência Brasil Gilberto Kassab

Apesar dos crescentes protestos da comunidade científica contra a fusão dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) com o das Comunicações, a decisão, segundo o títular da pasta, Gilberto Kassab, vai “valorizar e fortalecer a ciência, a tecnologia e a academia”. De acordo com o ex-prefeito de São Paulo, “o MCTI não foi extinto”. “Foi extinto o Ministério das Comunicações.”

Kassab participou, na última quarta-feira (1), a convite do reitor da Universidade de São Paulo (USP), Marco Antonio Zago, de uma reunião com alguns dos mais importantes cientistas do Estado de São Paulo. Durante o evento, o plítico tentou tranquilizar os pesquisadores, depois de uma reação negativa da comunidade científica brasileira à fusão dos ministérios. 

Entidades como a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro já haviam se manifestado contra a medida. No último dia 25, uma centena de pesquisadores lançou a Frente Contra a Extinção do MCTI, na Coordenadoria de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe), da UFRJ. “Respeito as opiniões divergentes, mas, em relação à fusão, há cada vez mais conscientização do mundo acadêmico de que o MCTI não foi extinto e sim o Ministério das Comunicações. A estrutura de Comunicações é que foi incorporada “, disse Kassab à reportagem.

Desta feita, Kassab ponderou que a reunião na USP é um indício de que os cientistas estão mudando de ideia sobre a fusão. A reportagem acompanhou o encontro, que durou cerca de duas horas. Diversos pesquisadores fizeram perguntas e comentários, mas não abordaram o tema da incorporação. “Acho que só o tempo vai mostrar que a ciência, a universidade e a pesquisa serão valorizadas por um ministério fortalecido. As preocupações são legítimas, mas só mesmo o tempo mostrará que foi uma decisão correta “

Segundo o atual ministro, embora se tenha contribuído para “enxugar a máquina”, a junção das pastas não teve como foco principal economizar recursos, mas aumentar a eficiência na gestão do governo federal. “Estamos em um regime presidencialista, o que torna fundamental a proximidade entre o ministro e o presidente. Com 40 ministérios, isso era inviável. Agora, com 23, a proximidade será muito maior. Com Comunicações, o ministério terá mais peso político. Isso trará desdobramentos positivos para termos melhores resultados nas nossas ações”, prospecta. 

Kassab afirmou que os investimentos em ciências foram incipientes nas últimas duas décadas e caíram ainda mais nos últimos cinco anos. Ele prometeu aos cientistas que lutará por mais recursos mesmo com a crise econômica. “Vivemos em uma conjuntura financeira muito desfavorável. Vamos trazer mais apoio político para que a pasta possa enfrentar a crise”. Completando, “Cabe a nós fortalecer o direcionamento de recursos e parcerias com a academia. Meu empenho será muito grande para conseguir mais recursos. Meu papel é político. Não vou dominar todos os assuntos (de ciência), mas vou me cercar de uma boa assessoria e dialogar com a intelectualidade”.

Empréstimo

Segundo o político, o ministério está aguardando a aprovação de um empréstimo de US$ 1,4 bilhão com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), solicitado, em abril, pelo então ministro do MCTI Celso Pansera. “Mas, primeiramente, tem de ser aprovado pela área econômica do governo e pelo Senado”, ponderou, ao relatar que está traçando um plano diretor para o ministério. “É um instrumento básico de gestão. Pedi à equipe que preparasse uma proposta que deverá ficar pronta na próxima semana.”

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