Ministra peruana critica legislador que disse que estupro não causa gravidez

  • Por Agencia EFE
  • 13/06/2015 16h25

Lima, 13 jun (EFE).- A ministra peruana da Mulher, Marcela Huaita, lamentou neste sábado as declarações do congressista Juan Carlos Eguren, que afirmou que um estupro não produz gravidez.

Em entrevista à agência estatal “Andina”, Huaita acrescentou que o tema da descriminalização do aborto em casos de estupro é “extremamente importante” para que seja discutido de maneira “séria e analítica”, e que as vozes das mulheres sejam escutadas.

“Acho que todas nós, mulheres, nos sentimos afetadas quando um tema tão doloroso é tratado com pouca delicadeza e com um profundo desconhecimento da realidade”, acrescentou a ministra, em declarações divulgadas pelo jornal “El Comercio”.

Na quarta-feira passada, Eguren afirmou à emissora “RPP Notícias” que “os estupros, que podem ser um incidente passageiro, não geram gravidez.”

“É quase impossível que haja uma gravidez após um estupro eventual porque se produz um estado de estresse, um estado de choque na pessoa”, acrescentou.

O legislador do Partido Popular Cristão (PPC) considerou que a gravidez ocorre “nos estupros do entorno familiar, que são estupros frequentes, permanentes, sistemáticos até que resultem uma gravidez”.

O congressista, que preside a Comissão de Justiça e Direitos Humanos do parlamento, que arquivou essa proposta de projeto no mês passado, rejeitou também que o tema voltasse a ser analisado pela Comissão de Constituição.

As declarações do legislador, feitas quando uma comissão do Congresso debatia a proposta de descriminalizar o aborto por estupro, geraram indignação nas redes.

O coletivo Déjala Decidir (“Deixe-a decidir”), que promove a descriminalização deste tipo de aborto, repudiou as falas de Eguren e disse que “as afirmações carecem de embasamento científico”.

A ativista Romy García, integrante do coletivo, afirmou que o Instituto Maternal Perinatal de Lima revelou que 14% das adolescentes atendidas foram vítimas de estupro.

Nas redes sociais, o analista Fernando Torra criticou as palavras de Eguren e disse que o congressista “mostrou muitas vezes posturas conservadoras e isso deve ser respeitado, mas as declarações são uma violação à dignidade das mulheres”.

O congressista Daniel Abugattás, membro da Comissão de Constituição, disse que esse grupo de trabalho tinha que abrir o debate sobre este tema porque o projeto foi apresentado com a assinatura de 60 mil pessoas. EFE.

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