Ministro da Economia de Israel encerra polêmica ideológica com Netanyahu
Jerusalém, 29 jan (EFE).- O ministro da Economia de Israel, Naftali Bennett, se desculpou nesta quarta-feira perante o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, pelos ataques ideológicos lançados nos últimos dias, e que conduziram a uma situação que ameaçava romper a atual coalizão de governo israelense.
“Se o primeiro-ministro se ofendeu não era essa minha intenção”, disse Bennett, líder do partido ultradireitista Habayit Hayehudi (Lar Judeu), vinculado essencialmente ao movimento colono israelense, em um ato público realizado no Mar Morto.
A crise entre ambos os políticos começou em uma incomum crítica do ministro à ideia de Netanyahu que, em um eventual acordo de paz com os palestinos, alguns colonos judeus ficassem sob soberania palestina para não deslocá-los de suas casas.
“Uma nova ideia emergiu: os judeus podem viver em suas terras, mas sob soberania palestina. Isto não pode ocorrer”, disse Bennet.
“Sabem por que os judeus não podem viver sob soberania palestina e os palestinos não podem governar os judeus? Porque os matam”, afirmou em referência ao “Massacre de Hebron” de 1929, na qual foram assassinados 67 judeus quando toda a região estava sob domínio britânico.
Bennett também acusou Netanyahu de dividir “nossa capital” (Jerusalém) e “nossa terra” se aceitar os termos do plano do secretário de estado americano, John Kerry, para a paz entre israelenses e palestinos.
Hoje, Bennett afirmou que “há pessoas interessadas em transformar um debate substancial sobre o futuro de nosso estado, em um ataque pessoal que nunca existiu”.
“Respeito o primeiro-ministro, respeito sua liderança nestas circunstâncias nada fáceis, dou apoio quando é necessário e o crítico quando também o é, porque considero minha obrigação”, ressaltou pouco antes de insistir em que “deixar israelenses sob soberania palestina é perigoso”.
O primeiro-ministro, que assegurou ter outras combinações para manter estável sua coalizão de governo, tinha dado hoje um ultimato a Bennett para que se desculpasse antes da próxima reunião do Conselho de Ministros no domingo, sob pena de se ver cessado junto com o resto dos ministros de Habayit Hayehudi.
Fontes do partido disseram à versão online do jornal “Yedioth Ahronoth” que com essas palavras Bennett “dava por liquidada” a polêmica, e que Netanyahu “não deve esperar mais” declarações nem desculpas.
“Se Netanyahu ainda quer cesarnos e partir para as eleições, estamos preparados”, asseguraram.
Embora da mesma linha ideológica (direita nacionalista sionista) que o partido Likud (que lidera Netanyahu e é a força majoritária na coalizão do governo de Israel), o Habayit Hayehudi é mais radical em suas posturas sobre a colonização e muito menos flexível em sua disposição a fazer concessões aos palestinos por um acordo de paz.
A força se incorporou ao governo liderado por Netanyahu após ficar em quarto lugar, com 12 deputados, nas eleições legislativas realizadas em 2013.
Por enquanto, nem o primeiro-ministro, nem seus assessores, fizeram declarações se a desculpa do líder nacionalista é suficiente ou não. EFE
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