Ministro paraguaio vem ao Brasil para resolver “inconvenientes” fronteiriços

  • Por Agencia EFE
  • 22/03/2015 18h52
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Assunção, 22 mar (EFE).- O ministro da Indústria e Comércio do Paraguai, Gustavo Leite, lidera uma delegação que se reunirá nesta segunda-feira em Brasília com representantes do governo brasileiro para solucionar “alguns inconvenientes” que existem na fronteira, segundo as autoridades paraguaias.

Leite quer se aprofundar nas relações comerciais entre os dois países e “buscar soluções para alguns inconvenientes que acontecem na fronteira”, segundo um comunicado oficial do Ministério da Indústria do Paraguai.

As cidades fronteiriças entre Paraguai e Brasil, como Ciudad del Este e Pedro Juan Caballero, são a principal rota regional do tráfico de cocaína e maconha, mas também do contrabando de tabaco e de todo tipo de artigos eletrônicos e têxteis falsificados, como reconhecem as autoridades dos dois países.

Brasil, Argentina e Paraguai estudam criar um centro integrado contra o contrabando na região, a Tríplice Fronteira, segundo o governo brasileiro.

O centro de controle e comando será custeado por Brasil e Argentina, afirmou na sexta-feira o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, durante um seminário sobre contrabando organizado pelo jornal “Folha de São Paulo”.

Cardozo garantiu que é “impossível parar carro por carro na Ponte da Amizade”, que liga a cidade paraguaia de Ciudad del Este com Foz do Iguaçu.

O atual presidente do Paraguai, Horacio Cartes, dono de um banco, de uma companhia de tabaco e de um conglomerado com mais de 20 empresas, foi investigado na última década no Brasil, e também pela DEA – a agência de combate ao tráfico de drogas dos Estados Unidos – e outras agências de inteligência americanas, por lavagem de dinheiro e contrabando de cigarros. No entanto, de acordo com seus representantes, Cartes nunca foi processado.

Segundo dados da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), baseados em estatísticas oficiais, cerca de R$ 20 bilhões em mercadorias ilegais vindas do Paraguai entram todos os anos no Brasil.

Em entrevista coletiva em São Paulo há duas semanas, no Dia Nacional da Luta contra o Contrabando, o diretor da ABCF, Rodolpho Ramazzini, chamou o presidente Cartes de “bandido” e o acusou de incentivar a produção de tabaco em seu país com alíquotas de “apenas” 9%, contra os 70% de taxação sobre o tabaco no Brasil.

O cigarro contrabandeado do Paraguai é o principal item do comércio ilegal, seguido pelas peças automotivas, segundo Ramazzini.

“O cigarro paraguaio vale a metade do brasileiro, mas contém substâncias proibidas no Brasil há mais de dez anos, além de ter detritos e restos de insetos em meio ao tabaco”, ressaltou o diretor da ABCF na conferência.

Cerca de 13 mil comerciantes brasileiros foram alvo de denúncias no ano passado por venderem cigarros contrabandeados do Paraguai.

Segundo a associação, a falta de controle nas fronteiras com Paraguai, Bolívia, Peru e Colômbia gera perdas de US$ 34 bilhões anuais ao Brasil. EFE

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