Ministro responde ao “ignorante” Trump que Paquistão não é colônia dos EUA
O governo do Paquistão respondeu, nesta segunda-feira (2), ao “ignorante” Donald Trump, informando que o país não é uma colônia dos Estados Unidos. A contestação vem dias depois de o empresário ter afirmado que libertaria Shakeel Afridi, o médico que ajudou a CIA a encontrar Osama bin Laden e que foi condenado a 23 anos de prisão.
“O destino de Shakeel Afridi será decidido pelos tribunais e governo paquistaneses, não pelo senhor Donald Trump, inclusive se ele se transformar em presidente dos EUA”, afirmou o ministro do Interior do Paquistão, Nisar Ali Khan, em comunicado.
O magnata nova-iorquino e pré-candidato republicano à presidência dos EUA disse, em uma entrevista à emissora “Fox News”, que, caso vença as eleições, libertaria Afridi em “dois minutos”.
O médico participou de uma falsa campanha de vacinação na cidade paquistanesa de Abottabad, orquestrada pela CIA, para conseguir uma amostra do DNA de Bin Laden.
“Diria para que eles o libertassem e tenho certeza que lhe deixariam livre. Damos muito dinheiro ao Paquistão”, afirmou Trump.
Khan afirmou que ninguém tem o direito de influir sobre o futuro do médico e que, apesar da percepção de Trump, o Paquistão “não é uma colônia dos EUA”. “As ajudas econômicas não devem ser utilizadas para realizar ameaças”, destacou.
“Trump parece ser um ignorante sobre os grandes sacrifícios que o Paquistão e seu povo realizaram historicamente em apoio das políticas dos EUA”, disse o ministro.
O ministro afirmou que as declarações de Trump não só mostram sua “insensibilidade”, mas também sua “ignorância” sobre o Paquistão.
Afridi foi preso pouco depois da morte de Bin Laden, em uma operação americana na cidade de Abottabad, há cinco anos, realizada sem o conhecimento das autoridades paquistanesas, de acordo com a versão oficial.
Um ano depois, Afridi foi condenado a 33 anos de prisão por envolvimento com grupos terroristas, e não por alta traição por sua colaboração com a CIA, por um tribunal das zonas tribais, onde rege um ordenamento legal da época colonial britânica e a Constituição do país não tem efeito.
A sentença foi reduzida posteriormente para 23 anos de prisão.
A Comissão de Dotações Orçamentárias do Senado dos EUA decidiu, em maio de 2012, reduzir em US$ 33 milhões os US$ 800 milhões em ajuda militar ao Paquistão, um por cada ano de pena ao médico, em represália pela condenação de Afridi.
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