Minoria antigoverno põe eleições na Tailândia em xeque

  • Por Agencia EFE
  • 30/01/2014 15h37

Jordi Calvet.

Bangcoc, 30 jan (EFE).- Os manifestantes antigoverno da Tailândia buscam a suspensão das eleições do próximo domingo, apesar de representarem uma minoria frente a partidários do governo e do sistema democrático que exigem que seu voto seja respeitado.

Ao todo 80% dos tailandeses desejam exercer seu direito a voto, segundo uma pesquisa recente, mas os opositores ao governo exigem que antes da convocação às urnas se forme um conselho não eleito que realize uma reforma política.

Consideram o sistema corrupto e a serviço dos interesses do ex-primeiro-ministro exilado em Dubai, Thaksin Shinawatra, que ganhou diretamente ou por partidos afins todas as eleições gerais desde 2001.

A anistia que beneficiava Thaksin, condenado à revelia por corrupção, foi, há três meses, o detonante dos protestos que, após a retirada do projeto de lei, se voltaram contra o governo liderado por sua irmã, Yingluck Shinawatra.

Milhares de pessoas saíram às ruas em protestos liderados por Suthep Thaugsuban, ex-vice-primeiro-ministro e ex-dirigente do opositor Partido Democrata, que abandonou sua cadeira no Parlamento para ficar à frente dos manifestantes.

Suthep lidera um movimento que conta com o respaldo da elite burocrática, círculos monárquicos e classes da elite de Bangcoc, além da população do sul do país, que constituem o eleitorado tradicional dos Democratas.

Desses setores sai o apoio financeiro e logístico que desde o dia 13 permite aos manifestantes a ocupação de sete avenidas da capital, onde se instalaram acampamentos com palcos, comida de graça, telões, barracas e hospitais de campanha.

Os antigoverno não esclareceram que tipo de mudanças buscam para erradicar o que chamam de “regime de Thaksin” depois que várias reformas anteriores foram insuficientes para impedir que o ex-mandatário seguisse vencendo eleições.

Nem a nova Constituição, aprovada após o golpe militar que derrubou Thaksin em 2006, conseguiu, nem várias emendas à legislação eleitoral, que limitaram o poder do Legislativo e reforçaram o controle dos burocratas em órgãos governamentais e judiciais.

A proposta, que envolve suspender a democracia durante pelo menos 14 meses, responde à incapacidade de vencer nas urnas o forte Thaksin, que conta com o apoio da população rural do norte e nordeste do país que se beneficiou de suas políticas sociais.

Os antigoverno atribuem a força eleitoral à compra de votos nessa região, cuja população apresenta diferenças linguísticas e culturais a respeito da do resto do país, e da qual procede a maior parte das classes baixas de Bangcoc.

Muitos desses canalizam seu apoio ao governo através da Frente Unida para a Democracia e Contra a Ditadura, conhecidos como camisas vermelhas, cujo protesto em 2010 foi esmagado pelo governo democrata e pelo exército, repressão que deixou mais de 90 mortos.

Sua presidente, Thida Thavornseth, diz que apoia o governo porque foi eleito por maioria absoluta e porque o considera vítima de grupos conservadores que buscam abolir a democracia para preservar seu poder tradicional.

“Lutamos a favor da democracia e nada mais. Thaksin é uma vítima, mas não lutamos por ele, mas pela justiça, pela democracia e pela igualdade”, disse Thida à Efe.

O dirigente dos camisas vermelhas defende o princípio “uma pessoa, um voto” que porta-vozes antigovernamentais questionaram, e insiste que defendem as eleições porque “são a ferramenta de poder de que dispõe o povo”.

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Também se mostraram a favor das urnas acadêmicos e sociedade civil, da qual saiu a campanha “Respeitem meu voto” que organizou vigílias com velas em Bangcoc e mais de 40 capitais provinciais após o aumento dos protestos que já deixaram dez mortos.

“Precisamos de política parlamentar, não popular”, declarou à Efe Wit, membro de um grupo de empresários que participou de uma das concentrações do coletivo que se identifica com os camisetas brancas.

“A maioria dos tailandeses apoia a democracia. É só um pequeno grupo o que agita, mas todo o mundo vê o que está bem e mal na rua. Queremos que se vença através das eleições, não da intimidação”, acrescentou.

“Os camisas vermelhas também são cidadãos e portanto tem direito a decidir sobre o rumo do país. É preciso respeitar isso. Como se pode ser democrático se não se respeita o povo?”, questionou Vichian, outro participante.

“Somos maioria. A maioria real. E queremos deixar clara nossa vontade de democracia”, disse Phrapat, outro dos camisas brancas. EFE

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