Missa do papa em Havana é marcada por calor intenso e multidão emocionada

  • Por Agencia EFE
  • 21/09/2015 01h20
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Sara Gómez Armas.

Havana, 20 set (EFE).- Nem o sono, nem o cansaço, nem o intenso calor que fez em Havana desde o início do dia atrapalharam as milhares de pessoas que estavam na Praça da Revolução para ouvir em um perfeito silêncio e visível emoção a missa que o papa Francisco realizou neste domingo.

Fiéis de todas as idades e vindos de várias cidades e até de outros países – como Porto Rico, México e Estados Unidos – se reuniram no local onde Francisco, ao lado das imagens do guerrilheiro Ernesto Che Guevara, argentino como ele, e do herói independentista cubano José Martí, fez sua primeira missa na ilha.

Ainda era madrugada quando os primeiros grupos começaram a chegar à praça. Estendendo panos no chão, eles tentavam recuperar algumas horas de sono até a chegada de Francisco, que todos esperavam ver de perto seu percurso anterior à missa ao redor da praça em um papamóvel descoberto construído especialmente para a ocasião.

Jaqueline foi a coordenadora de um grupo de 100 pessoas que decidiram sair de Pinar del Río ontem para assistir a missa hoje. Uma das integrantes era Cecília, uma argentina que vive em Cuba e que estava especialmente feliz por ter feito, quando era criança, a Primeira Comunhão com o então padre Jorge Mario Bergoglio.

“Acho que é a primeira vez que vejo um papa que se envolve em temas políticos e tem uma participação tão ativa. É muito bom que um país bloqueado por mais de 50 anos possua agora um acesso maior”, disse Cecilia sobre o restabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos que Francisco mediou.

Sinal desses novos tempos, por exemplo, era a presença dos integrantes do World Meeting of Families, grupos de católicos americanos que se reunirão na Filadélfia, nos Estados Unidos, na próxima semana, e que estavam hoje em Havana para assistir à missa. Teresa, da Flórida, era uma integrante do grupo e não conseguia esconder sua felicidade.

“Estou realizando o sonho de uma vida inteira”, afirmou.

Já Lucía estava emocionada porque ganhou um beijo de Francisco e conseguiu uma bênção para sua neta de dois anos durante a passagem do papa pela praça.

“Ele é um papa maravilhoso e especial, que nos transmitiu muito amor, revolucionou o mundo e conseguiu juntar dois povos que estavam separados. Veio para nos ajudar a estabelecer relações e viver mais perto como irmãos”, disse.

Enquanto ele andava pela praça, alegria, música e saudações. Ao chegar ao grande altar da missa, rapidamente, tudo isso se transformou em silêncio. Todos parados para ouvir as palavras de Francisco.

“Esperamos escutar uma mensagem que fale de misericórdia, perdão, alegria e perseverança” disse Fernanda, uma mexicana que foi a Cuba especialmente para ver o papa.

Durante as quase duas horas de ato religioso, o calor de um dos verões mais quentes de Cuba foi notado: pessoas secavam o suor, abriam sombrinhas e uma infinidade de leques fazia um leve vento entre a multidão, que mesmo nessas condições acompanhou com total atenção a homilia de Francisco.

“Me emocionei tanto que até chorei. Que Deus o abençoe e dê muita vida a ele”, disse Patricia, que vive em Centro Havana, um bairro pobre da capital cubana. EFE

sga/cdr

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