MIT cria primeiro laboratório para frear escassez de água e alimentos
Washington, 7 mai (EFE).- O Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT) criou seu primeiro laboratório multidisciplinar que analisará um dos maiores desafios do progresso: a explosão demográfica mundial que está acabando com os recursos hídricos e alimentícios do planeta.
“Em 1950, o planeta tinha três bilhões de habitantes; em 2050, nove bilhões, o que significa que, em pouco mais de uma geração, a população mundial será triplicada”, assinalou a modo de premissa o professor John Lienhard, diretor do Laboratório de Segurança em Água e Alimentos do MIT, que irá começar a operar em setembro.
Em entrevista à Agência Efe, ele explicou que esta explosão demográfica não significou um aumento dos recursos hídricos, que normalmente dependem dos ciclos de chuva, que, além disso, estão mudando devido ao aquecimento global.
“Somado a isso tudo, mais gente aspira a ter um melhor nível de vida”, explicou Lienhard, que vai dirigir uma equipe multidisciplinar de analistas em gestão de políticas públicas, economistas, cientistas, engenheiros, arquitetos e meteorologistas.
O diretor apontou a mudança climática, a agricultura pouco produtiva, o crescimento das cidades e os hábitos de consumo de alimentos como os grandes flagelos para a segurança hídrica e alimentícia.
“A chave é a eficiência no uso de recursos” e a busca por soluções que possam variar de país para país ou região para região, explicou.
A humanidade produz alimentos para abastecer 14 bilhões de pessoas, o dobro da população atual, mas dois bilhões sofrem desnutrição e fome crônica, segundo algumas estimativas.
“No mundo desenvolvido, 50% da comida em peso é desperdiçada, geralmente pelo consumidor; enquanto nos países em desenvolvimento esse esbanjamento ocorre em cadeias de distribuição que não são eficientes nem modernas”, explica Lienhard.
Além disso, um terço da produção agrícola se destina a alimentar gado, não pessoas, o que é uma das principais causas do efeito estufa (por emissões de metano) e um dos modos mais ineficientes de alimentação.
“Para cada quilo de carne é necessário o equivalente a 15 toneladas de água. A carne é muito intensiva em água e não é necessário comer carne sempre”, explica Lienhard.
Na opinião do diretor, para mudar estes hábitos é preciso uma nova mentalidade, novas políticas e convencer às comunidades sobre a necessidade de novas estratégias.
“Muitos governos reconhecem a importância destas propostas”, salientou ele, lembrando exemplos como o de uma comunidade mineira no Deserto do Atacama (Chile) onde as empresas se comprometeram a usar água dessalinizada, ou em Cingapura, onde se conseguiu se reutilizar para outros funções água que antes era desperdiçada.
O laboratório irá funcionar graças à contribuição do magnata saudita Abdul Latif Jameel, ex-aluno do MIT.
O diretor do laboratório acredita que o urgente problema de recursos hídricos e alimentos tem solução: “Sou um otimista, a humanidade sempre conseguiu aplicar as ideias de mentes brilhantes para superar problemas”. EFE
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