Módulo Philae encontra compostos orgânicos no cometa 67P

  • Por Agencia EFE
  • 30/07/2015 19h38

Washington, 30 jul (EFE).- O módulo Philae, que fez história em novembro do ano passado ao pousar com sucesso sobre o cometa 67P, encontrou no corpo celeste compostos orgânicos considerados precursores da vida, informou nesta quinta-feira a Associação Americana para o Avanço das Ciências (AAAS, sigla em inglês).

Essa associação publicou hoje uma série de artigos com os descobrimentos científicos conseguidos com os dados enviados pelo robô Philae à sonda Rosetta da Agência Espacial Europeia (ESA, sigla em inglês), da qual se desprendeu para aterrissar no dia 12 de novembro no cometa 67P (67P/Churyumov-Gerasimenko).

Em um estudo que será publicado nesta sexta-feira na revista científica “Science”, os pesquisadores explicam que o Cometary Sampling and Composition (Cosac), um dos principais instrumentos do módulo Philae, determinou a existência de material orgânico no cometa.

Apenas 25 minutos após a aterrissagem do robô no cometa, o espectrômetro de massas do Cosac fez uma medição com um detector de substâncias químicas que revelou a presença de 16 compostos orgânicos, alguns deles com nitrogênio e nenhum com enxofre, segundo o estudo.

Muitos desses componentes tinham sido detectados nas caudas da maioria dos cometas, mas também foram encontrados isocianato de metilo, acetona, propanal e acetamida, compostos que não tinham sido descobertos anteriormente em outros cometas.

No entanto, o mais importante para a astrobiologia é que algumas das matérias encontradas no pó do cometa são consideradas como precursoras da vida, pois intervêm na formação de aminoácidos essenciais e de bases nucleicas.

Os pesquisadores destacaram que os cometas conservam os materiais mais antigos de nosso sistema solar em forma de gelo, pó, silicatos e matéria orgânica sólida, que seguramente se formou no espaço interestelar, inclusive antes do surgimento da nebulosa solar que se transformou depois no atual sistema solar.

Além disso, a pesquisa da composição química dos cometas proporciona informações cruciais sobre a matéria presente nos primeiros instantes do sistema solar, cujo estudo tem grande importância do ponto de vista geológico, pois apresenta algumas das chaves para se entender como aconteceu sua formação.

Em relação à habitabilidade, os cometas podem nos ajudar a entender a origem da água na Terra e em outros planetas como Marte e, do ponto de vista astrobiológico, são fundamentais para compreender a origem da vida em nosso planeta.

Outro dos estudos divulgados hoje descreve os momentos em que o robô Philae realizou sua conturbada chegada à superfície do cometa 67P, com três aterrissagens após ricochetear duas vezes.

Depois de quicar na região designada para a aterrissagem, que tem uma camada de aproximadamente 25 centímetros, macia e arenosa, o módulo finalmente parou sobre uma área distante, de consistência rochosa, à beira de uma cratera e em um terreno desnivelado.

As análises das duas superfícies e suas consistências distintas oferecem dados sobre a evolução dos cometas e podem servir para melhorar o projeto de novas missões para outros corpos celestes deste tipo.

Os estudos realizados pelos cientistas dos dados enviados pelo Philae através da sonda Rosetta sugerem que a paisagem do cometa 67P foi formada pela erosão.

Para obter uma ideia mais clara do interior do cometa, os cientistas contaram com medições feitas através de sinais eletromagnéticos enviados do Philae, que passaram pelo núcleo do cometa e foram recebidos pela sonda Rosetta no lado oposto.

Essas medições sugerem que a cabeça do cometa tem uma composição bastante homogênea e seu interior é uniforme.

Para receber dados do Philae, a sonda Rosetta esteve voando até agora em uma órbita ideal para estabelecer essa comunicação. Porém, no último dia 24, passou a se movimentar sobre o hemisfério sul do cometa, que é mais iluminado pelo sol, para alternar a comunicação com o módulo com a observação do 67P/Churyumov-Gerasimenko.

As emissões de gás e pó na superfície do cometa impedem que a Rosetta voe muito perto de sua superfície e obrigam a sonda a se manter a uma distância de segurança de entre 170 e 190 quilômetros do astro. EFE

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