Mohammed Mursi será julgado por insultar Poder Judiciário egípcio

  • Por Agencia EFE
  • 19/01/2014 16h46

Cairo, 19 jan (EFE).- Um tribunal penal julgará o presidente deposto do Egito Mohammed Mursi e outros 24 acusados por supostamente terem insultado o Poder Judiciário, atacar seus funcionários e incitar o ódio, informou neste domingo a agência estatal de notícias “Mena”.

Mursi, que foi deposto por um golpe de Estado em 3 de julho de 2013, terá que testemunhar sobre os supostos insultos proferidos contra vários juízes, a quem ele acusou, em um discurso público em junho passado de participar de uma fraude eleitoral durante o regime Hosni Mubarak (1981-2011).

Neste novo caso, as autoridades também estão investigando se Mursi influenciou no trabalho da promotoria durante seu mandato e no julgamento do último primeiro-ministro de Mubarak e seu rival nas eleições, Ahmed Shafiq, por delitos de corrupção.

A Corte de Apelação do Cairo, liderada pelo juíz Zaruat Hamad, será a responsável por iniciar o processo, em uma data ainda não determinada, dos acusados por “insultar o Poder Judiciário e aos juízes, e incitar o desprezo aos tribunais através de entrevistas televisivas e radiofônicas e nas redes sociais”.

Entre os demais acusados, estão Mohammed Saad Katatni, ex-presidente do partido Liberdade e Justiça (braço político da Irmandade Muçulmana), dirigente da confraria Mohammed Beltagui, editor-chefe do jornal “Sawt al Umma” (A Voz da Nação), Abdel Halim Qandil, e o jornalista Ahmed Hassan Sherkaui.

Este não é a única ação enfrentada por Mursi, que deverá responder perante a justiça por revelar informações confidenciais a países e organizações estrangeiras, como o movimento palestino Hamas, e por fugir da prisão durante a revolução de 2011, que derrubou Mubarak do poder.

O presidente deposto também enfrenta acusações por seu suposto envolvimento na morte de manifestantes e nos incidentes desencadeados nos arredores do palácio presidencial Itihadiya, em 5 de dezembro de 2012.

Além disso, ele é acusado pelo assassinato de presos e oficiais da polícia, pelo sequestro de seguranças, pelo ataque e incêndio da prisão de Wadi Natrun e de promover atentados contra instalações das forças de segurança.

Mursi esteve recluso em Wadi Natrun durante a revolução que derrubou Mubarak entre janeiro e fevereiro de 2011, mas conseguiu escapar após dois dias de sua detenção graças ao caos que reinava nos presídios após a debandada dos guardas.

O presidente islamita foi deposto em 3 de julho pelo Exército, que estabeleceu um plano de transição que inclui a reforma da Constituição, aprovada esta semana em referendo, e a realização de eleições legislativas e presidenciais. EFE

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