Montadoras ainda têm excesso de pessoal, avalia Anfavea
Apesar de terem reduzido o quadro de funcionários em 9,5%, em um ano, as montadoras ainda têm excesso de mão de obra, segundo o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan. “Nós fizemos um ajuste de pessoal, basicamente utilizando o PDV [Programa de Demissão Voluntária]. Mas, reconheço que mesmo com essa redução ainda estamos com excedente de pessoal. Basta ver o nível de produção e [comparar] com o nível de pessoal”, disse hoje (7) ao apresentar o balanço do setor.
De janeiro a abril, as fabricantes de veículos demitiram 4,6 mil funcionários. No início do ano, 144,2 mil trabalhadores atuavam no setor. Em abril, o número caiu para 139,6 mil. Em relação a abril de 2014, foram cortados 14,6 mil postos de trabalho. A produção de veículos também caiu em abril, quando foram fabricados 14,5 % menos que no mês anterior. Em relação a abril do ano passado, a queda corresponde a 21,7%.
Moan disse, no entanto, que as montadoras têm tentado preservar os empregos, adotando medidas como férias coletivas e licenças remuneradas. De acordo com ele, “as empresas, de forma geral, buscam preservar ao máximo o nível de emprego. A prova disso, ressaltou, são as férias coletivas, licenças remuneradas e o layoff (suspensão temporária do contrato de trabalho, em que o empregado continua recebendo seu salário, pago em partes, pela empresa e pelo governo federal). “Isso busca preservar o nosso funcionário, que é altamente qualificado”, enfatizou.
Nesta semana, a Volkswagen, em São Bernardo do Campo, Grande São Paulo, colocou 8 mil funcionários em férias coletivas, e a unidade da General Motors, de São Caetano do Sul, também na região metropolitana da capital, concedeu licença remunerada, por tempo indeterminado, a 467 metalúrgicos. Com essa medida, mais de 1,3 mil trabalhadores estão afastados na GM, pois 854 trabalhadores já estavam sob regime de layoff.
Como forma de contornar as quedas nas vendas – no mercado interno e para parceiros tradicionais como Argentina –, algumas empresas estão apostando nas exportações de máquinas agrícolas para a África e Cuba. “No continente africano, já atendemos a vários países. Exportamos para Moçambique, Senegal, Gana e Zimbabwe”, enumerou Moan, mas lembrou que as vendas para esses mercados ainda são pequenas. Não dão para contornar a queda significativa nas vendas para o exterior.
Na comparação entre abril deste ano e o mesmo mês de 2014, as exportações de máquinas agrícolas e rodoviárias caíram 20,1%. Foram 1,16 mil unidades em abril do ano passado, ante 932 no mês passado. No acumulado dos quatro primeiros meses de 2015, a retração é de 15,9%. As exportações cairam de 3,9 mil unidades para 3,3 mil.
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