Morre aos 88 anos químico americano que descobriu efeitos do ecstasy
Washington, 4 jun (EFE).- Alexander “Sasha” Shulgin, químico americano conhecido por ser o descobridor dos efeitos do ecstasy e inventor de outras drogas psicodélicas, morreu na terça-feira aos 88 anos, mas a notícia só foi confirmada nesta quarta-feira por sua esposa e companheira de pesquisa, Ann Shulgin, pelo Facebook.
A saúde de Sasha, conhecido como o “pai do ecstasy”, estava muito debilitado nos últimos anos, desde que teve um câncer de fígado diagnosticado em 2010, e morreu em sua casa em Lafayette, na Califórnia, “rodeado por sua família e cuidadores, com música budista para a meditação”, explicou sua esposa.
O MDMA (3,4-metilendioximetanfetamina), patenteado em 1912 por uma farmacêutica alemã que depois desprezou seu uso, não tinha sido testado em humanos até 1976, quando Sasha descobriu em seu laboratório em Berkeley os efeitos psicoativos do composto, popularizado como ecstasy.
Sasha lamentou várias vezes a estigmatização da droga e defendeu, publicamente e em congressos científicos, o uso terapêutico por se tratar, segundo ele, de uma substância “efetiva e benigna”.
“Infelizmente se transformou na droga das discotecas, perdendo suas possibilidades terapêuticas, por culpa, principalmente, da atual legislação”, declarou Sasha ao jornal “Der Standard”, de Viena, em 1995.
A comunidade científica sempre olhou com uma mistura de curiosidade e escândalo para as descobertas do farmacêutico, que teve mais de quatro mil experiências com drogas psicodélicas, a maioria criadas por ele, a quem se atribui a autoria de pelo menos 200, ao longo de sua vida, disse em uma entrevista ao “New York Times” em 2005.
A maior parte das drogas que produziu nunca saíram de seu laboratório e, portanto, não foram ilegalizadas. Mas algumas delas foram apresentadas ao público graças a dois livros escritos por Sasha e sua esposa, “Phenethylamines I Have Known And Loved: A Chemical Love Story” (Feniletilamina, eu conheci e amei: um romance químico; em tradução livre) “Tryptamines, I Have Known and Loved: A Chemical Love Story” (Triptamina, eu conheci e amei: um romance químico; em tradução livre)
As obras, biográficas em parte, detalhavam os passos para fabricar drogas ilegais, o que transformou estes livros nos manuais de cabeceira de muitos laboratórios clandestinos e acabou provocando, em 1994, uma batida da Agência Americano Antidrogas no de Sasha. EFE
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