Morre jornalista francês Jean Lacouture, biógrafo de De Gaulle e Ho Chi Min
Paris, 17 jul (EFE).- O jornalista e escritor francês Jean Lacouture, conhecido sobretudo por suas biografias de personalidades políticas do século XX, mas também por suas posições à esquerda e anticolonialistas, morreu nesta quinta-feira aos 94 anos em sua casa em Roussillon, no sudeste da França.
Sua família informou nesta sexta-feira ao jornal “Le Monde”, um dos veículos em que trabalhou mais tempo, assim como para o “Nouvel Observateur”.
Lacouture nasceu em Bordeaux em 9 de junho de 1921 em uma família abastada e conservadora (seu pai era um cirurgião de renome e sua mãe católica praticante) e estudou Ciências Políticas em Paris durante a primeira parte da Segunda Guerra Mundial.
Foi na parte final da disputa, em abril de 1944, que se integrou à resistência aos nazistas que ocupavam a França.
Aí se tornou responsável de imprensa do general Leclerc, um dos grandes heróis militares da conquista da França.
Por esse trabalho com o exército e a administração colonial ficou dois anos em Indochina, até 1947, e depois outros dois, até 1949, no Marrocos, onde conheceu Simonne Miollan, jornalista da agência France Presse e militante do sindicato comunista CGT, que se tornaria sua esposa.
De volta a Paris, começou sua carreira como jornalista no “Combat”, de ideologia marcadamente esquerdista, e a partir de 1951 no “Le Monde”.
No vespertino, com seu trabalho sobre as colônias francesas ganhou renome, virou editorialista frequente, e conciliou a função com a de repórter no “Nouvel Observateur” dirigido por seu amigo Jean Daniel.
Em um e outro se ocupava de grandes temas da atualidade internacional, mas também de temas culturais e esportivos – suas três grandes paixões eram ópera, rugby e touradas.
Desde os anos 1960, à sua atividade de jornalista somou a de editor, professor universitário, e ainda escritor.
Foi o autor de biografias de Léon Blum, Gamal Abdel Nasser, François Mauriac, André Malraux, Ho Chi Minh, Jean-François Champollion e Charles de Gaulle.
Esta última, publicada em três volumes entre 1984 e 1986, foi a que ganhou mais projeção.
O presidente francês, François Hollande, que enviou suas condolências aos familiares e amigos de Lacouture, afirmou que o jornalista “era um homem apaixonado, independente e valente que escreveu a História da França ao mesmo tempo em que fazia parte dela”.
Em comunicado divulgado pelo Eliseu, Hollande destacou que Lacouture “sabia também reconhecer seus erros, prova de sua grande honestidade intelectual”.
Essa foi uma alusão ao fato de o jornalista ter renegado alguns de seus pronunciamentos em apoio da chamada “revolução cultural” do regime comunista chinês, imposta por Mao Tsé-tung, ou a apoio que deu à chegada ao poder do khmer vermelho no Camboja.
A ministra francesa de Cultura, Fleur Pellerin, prestou homenagem em outro comunicado em que qualificou Lacouture de “grande testemunha do século XX, intelectual comprometido, fervente defensor da descolonização e uma grande pena”. EFE
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