Morre na China aos 99 anos o ex-guarda-costas de Mao Tsé-tung

  • Por Agencia EFE
  • 22/08/2015 06h37

Pequim, 22 ago (EFE).- O ex-funcionário do Partido Comunista da China, Wang Dongxing, que foi o principal responsável pela segurança do líder chinês Mao Tsé-tung entre 1947 e 1976, morreu na madrugada de ontem em Pequim aos 99 anos, informou neste sábado o jornal estatal “China Daily”.

Wang, nascido na província sudeste de Jiangxi em janeiro de 1916, foi o principal guarda-costas pessoal de Mao durante décadas, um cargo que combinou em distintas épocas com o de diretor dos escritórios gerais do Partido Comunista e o de chefe do Birô Central de Segurança.

Além disso, após a morte de Mao, ocupou brevemente a vice-presidência do partido e foi o “número cinco” na hierarquia do regime, no final da década de 1970.

O antigo chefe de segurança, descrito hoje pela imprensa oficial chinesa como “um leal guerreiro do partido”, ganhou o afeto de Mao durante a guerra civil entre comunistas e nacionalistas do Kuomintang, na segunda metade dos anos 40.

Como guarda-costas, Wang aparece em muitas fotos da época junto a Mao, que chegou a confessar que precisava dele porque não confiava em ninguém.

O jornal “South China Morning Post” lembrou hoje que Wang também exerceu um papel crucial em outubro de 1976, poucas semanas depois da morte de Mao, quando foi um dos principais urdidores do golpe de Estado que derrubou à chamada Camarilha dos Quatro e com isso pôs um fim simbólico à Revolução Cultural.

Wang foi o responsável pela detenção dos quatro líderes, entre eles a viúva de Mao, Jiang Qing, e convenceu um político mais moderado, Hua Guofeng, a tomar as rédeas do regime nesse turbulento período.

Hua assumiu a tarefa, pelo menos até a chegada ao poder do reformista Deng Xiaoping, histórico rival ideológico de Mao – e de Wang -, que foi apartando progressivamente o guarda-costas das esferas de poder.

Wang publicou em 2010 suas memórias, nas quais descreveu Mao como “um homem de grandeza pouco comum na história chinesa e mundial”, além de um personagem “com uma incomparável coragem revolucionária”.

A fidelidade de Wang a Mao ficou simbolizada em seus últimos anos de vida, quando, apesar da idade avançada, não duvidava em visitar duas vezes ao ano o Mausoléu da Praça de Praça da Paz Celestial onde o histórico líder está embalsamado: em 9 de setembro, pelo aniversário de sua morte, e em 26 de dezembro, dia de seu nascimento. EFE

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