Morre paciente que recebeu transplante de primeiro coração artificial
Paris, 3 mar (EFE).- O primeiro paciente que recebeu, em dezembro, um transplante de um coração artificial morreu 75 dias depois da operação, informou nesta segunda-feira o hospital Georges-Pompidou.
O homem, de 76 anos, sofria de insuficiência cardíaca crônica, mas o hospital não deu mais detalhes sobre as causas da morte, que “só poderão ser conhecidas após uma análise profunda de vários dados médicos e técnicos”, assinalou.
O paciente tinha recebido um coração totalmente artificial desenvolvido por cientistas franceses a partir de tecidos específicos para evitar a rejeição e sem necessidade de ser acompanhado por um marcapasso.
Apesar da morte do paciente, o hospital considerou “importantes as primeiras lições que puderam ser extraídas deste ensaio clínico”, em particular no que se refere “à seleção do doente, ao acompanhamento pós-operatório, o tratamento e a prevenção das dificuldades encontradas”.
Também foi feita uma homenagem ao paciente, que o tempo todo foi “consciente do desafio a que se submetia e que enfrentou com confiança, coragem e vontade, dando uma contribuição memorável aos esforços empreendidos pelos médicos para lutar contra uma doença em plena evolução”.
O transplante do primeiro coração totalmente artificial em um paciente aconteceu no hospital Georges-Pompidou de Paris dia 18 de dezembro, e foi recebido com grande expectativa médica e midiática porque abria uma porta para a cura de milhares de doentes cardíacos que não têm acesso ao órgão de um doador.
Elaborado a partir de tecidos biológicos para reduzir o risco de rejeição, o coração foi desenvolvido pela empresa Carmat para funcionar de forma autônoma, após 15 anos de pesquisa.
A prótese gera uma circulação sanguínea em nível fisiológico e foi projetada para imitar à perfeição o funcionamento do coração humano, adaptando de forma autônoma seu ritmo à atividade do portador sem necessidade de um controle externo.
Ela foi desenvolvida com componentes, na sua maioria de origem animal, das válvulas cardíacas concebidas pelo professor Alain Carpentier, co-fundador da Carmat.
Graças a seus tecidos biológicos e a sua concepção autônoma, o coração pretende resolver, de acordo com seus criadores, os principais problemas que as prótese cardíacas artificiais enfrentam.
Entre eles a rejeição que costumam gerar as fabricadas com materiais artificiais, que provocam coágulos sanguíneos, o que multiplica os riscos de acidentes cardiovasculares.
Uma ameaça que se diminuiu graças ao uso de materiais biológicos na fabricação deste coração artificial.
Além disso, ele é dotado de sensores eletrônicos e de um complexo sistema electromecânico que detecta se o paciente está de pé, sentado ou deitado, a pressão venosa e arterial ligada a sua atividade, o que permite adaptar a frequência cardíaca e o fluido nas diferentes situações.
A concepção da prótese foi fruto do trabalho de uma equipe multidisciplinar no qual, além da experiência médica de Carpentier, participaram engenheiros do consórcio aeronáutico europeu Airbus Group. EFE
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