Morre paquistanesa que se autoimolou após libertação de seus estupradores

  • Por Agencia EFE
  • 14/03/2014 04h23
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Islamabad, 14 mar (EFE).- Uma jovem morreu nesta sexta-feira em Muzaffargarh, no leste do Paquistão, pelos ferimentos que sofreu após atear fogo em si mesma em protesto pela liberdade condicional concedida aos três homens que tentaram estuprá-la, informou à Agência Efe uma fonte policial.

A moça, de 17 anos, se autoimolou ontem em frente a uma delegacia de polícia do bairro de Bet Mir Hazar, depois que um tribunal libertou – mediante pagamento de fiança – três dos cinco homens que tentaram estuprá-la no último mês de janeiro, segundo um agente da própria delegacia, Fazal Hussein.

O incidente ocorreu ontem e, segundo o jornal local “Dawn”, a jovem protestou pelo que considerou uma conduta tendenciosa da polícia, que com seu relatório favoreceu a libertação dos três agressores, enquanto os outros dois não foram detidos.

“Foram libertados porque se tratou de uma tentativa de estupro, não de uma agressão consumada”, justificou o agente consultado pela Efe.

No entanto, o “Dawn” informou que a chefia de polícia do distrito suspendeu o responsável da delegacia e o oficial que investigou o caso. Além disso, o chefe do governo provincial de Punjab pediu mais informações sobre o caso.

Fontes policiais da delegacia consultadas pela Efe afirmaram que a suspensão dos responsáveis policiais “não está confirmada”.

O jornal acrescentou que antes de tomar sua medida desesperada de protesto, a vítima buscou ajuda da ativista Mukhtar Mai, que se transformou em símbolo da luta pelos direitos das mulheres no Paquistão depois que levou aos tribunais um grupo de homens que a estuprou em 2002 em compensação por um “crime de honra” de seu irmão.

Mai falou com a polícia de Muzaffargarh para defender a causa da vítima, mas sua intervenção não sortiu efeito e a jovem, que sofreu queimaduras em 80% de seu corpo, morreu hoje em um hospital da cidade de Multan.

Diversas organizações de defesa dos direitos das mulheres no Paquistão alertam que, além dos milhares de casos de estupro denunciados anualmente, muitos outros passam despercebidos e sequer são notificados.

A violência sexual dentro do casamento não é considerada crime no Paquistão e em vários casos se aplica a premissa islâmica de que para se comprovar um estupro é necessário o testemunho ocular de quatro homens. EFE

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