Morte de Mandela completa um ano e sul-africanos prestam homenagens

  • Por Agencia EFE
  • 05/12/2014 12h10
Montagem/EFE Mandela é homenageado um ano após sua morte

A África do Sul lembrou nesta sexta-feira do fundador de sua democracia, Nelson Mandela, no primeiro aniversário de sua morte com dois atos oficiais de homenagem em Pretória e outros muitos eventos em todo o país.

No começo da manhã, a viúva de Mandela, Graça Machel, e companheiros de luta contra o regime segregacionista do “apartheid”, como Ahmed Kathrada, realizaram uma oferenda floral aos pés da estátua dedicada ao ex-presidente localizada no jardim diante do Union Buildings, os edifícios do governo.

“Não há uma só pessoa ou instituição que possa ser visto como guardião do legado de Mandela”, disse Machel, ao lembrar a universalidade dos valores que o ex-líder representou.

Apesar de estar aberto ao público, apenas dezenas de sul-africanos se aproximaram do Union Buildings, onde há pouco menos de um ano centenas de milhares de pessoas deram o último adeus a Mandela diante de seu corpo.

“Comprei flores para trazer e honrar todos os esforços que fez por nós”, disse à Agência Efe o estudante Lusanda Mlambisa, que foi ao local para fazer os três minutos de silêncio nacionais decretados a partir das 10h local (5h, em Brasília) pelo governo em sinal de luto.

Seis minutos e sete segundos antes das dez, também por iniciativa do governo e lembrando os 67 anos que Mandela dedicou ao compromisso político, os sul-africanos foram chamados a fazer soar sirenes, buzinas e assobios até que começasse o minuto de silêncio.

Por isso, os presentes no Union Buildings se agruparam sob a estátua, assobiaram e entoaram canções em honra a Mandela.

No entanto, os seis minutos e sete segundos de barulho não foram ouvidos nas ruas de Johanesburgo e Pretória, segundo várias testemunhas.

Eles foram ouvidos no parque da Liberdade de Pretória, onde continuaram os atos oficiais, e em Qunu, a cidade do sudeste do país onde cresceu e está enterrado Mandela, em cerimônia cheia de discursos, música e baile tradicional.

No parque da Liberdade, estiveram presentes representantes do governo, da sociedade civil e membros da família Mandela.

“Madiba estaria decepcionado com a corrupção”, afirmou o ex-advogado de Madiba e ativista pelos direitos humanos, George Bizos, no que pareceu uma referência ao atual presidente do país, Jacob Zuma, envolvido em vários escândalos de abuso de poder e contra quem foram abertas no passado mais de 700 acusações.

Em um ato eminentemente institucional e sem presença de público, Bizos também destacou o respeito de Mandela pelos tribunais, palavras claramente dirigidas a Zuma, que realiza uma viagem oficial à China e cedeu o protagonismo ao vice-presidente, Cyril Ramaphosa.

Várias homenagens também foram vistas diante casa de Mandela no bairro de Houghton, em Johanesburgo, onde morreu aos 95 anos após uma longa batalha contra uma doença pulmonar.

Ali, no mesmo lugar onde há um ano desfilaram milhares de sul-africanos para dizer adeus ao herói nacional, poucos cidadãos depositaram flores e cartões com mensagens de apoio.

O acontecimento mais festivo do dia ocorre nesta tarde no estádio “Wanderers” de Johanesburgo, onde os integrantes das seleções sul-africanas de críquete e rugby se enfrentarão em uma partida de críquete como forma de prestar uma homenagem a Mandela.

Após 27 anos na prisão por suas atividades contra o “apartheid”, Mandela liderou junto ao último presidente do regime segregacionista, Frederik de Klerk, uma improvável transição democrática, e se transformou em 1994 no primeiro presidente negro da história da África do Sul.

Após cinco anos no poder, Mandela se retirou da vida pública, deixando instituições democráticas sólidas e fazendo algo quase inédito entre os líderes dos movimentos de libertação africanos transformados em presidentes.

Marcel Gascón/EFE

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