Moscou apoia referendo na Crimeia e critica radicais ucranianos

  • Por Agencia EFE
  • 09/03/2014 15h03

Moscou, 9 mar (EFE).- Moscou insistiu neste domingo que as medidas adotadas pelas autoridades da Crimeia, como o referendo sobre a adesão à Rússia previsto para o dia 16, são legítimas e criticou a presença ultranacionalista no poder em Kiev.

A postura da Rússia em relação à Crimeia foi manifestada mais uma vez em uma conversa telefônica entre o presidente russo, Vladimir Putin, e a chanceler alemã, Angela Merkel e o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron.

“Putin ressaltou que os passos que as legítimas autoridades da Crimeia estão dando se baseiam no direito internacional”, disse um comunicado do Kremlin.

De acordo com a nota, Putin deixou claro que as medidas buscam defender o povo majoritariamente russo da península, ameaçado, segundo Moscou, pelas forças radicais ucranianas.

Durante a conversa com Merkel e Cameron, Putin “chamou sua atenção sobre a falta de ação por parte das novas autoridades ucranianas para conter a arbitrariedade das forças radicais e ultranacionalistas na capital e em outras regiões”.

No entanto, apesar das distintas avaliações sobre a crise ucraniana, as partes se mostraram interessadas “em acabar com a tensão e normalizar a situação” em torno do conflito russo-ucraniano da Crimeia, onde se vê uma crescente ocupação militar russa.

O medo em relação à ameaça do radicalismo ucraniano também foi manifestado pelo chefe do Departamento de Direitos Humanos da Chancelaria russa, Konstantin Dolgov, que insistiu hoje na necessidade de impedir o acesso dos “neofascistas” à política na Ucrânia.

Assim reagiu ao anúncio emitido ontem pelo líder do radical Setor de Direitas, Dmitri Yarosh, um dos protagonistas da revolução ucraniana, que informou que se postulará à presidência do país nas eleições previstas para o próximo 25 de maio.

“As autoridades de Kiev e seus patrões ocidentais devem fechar o caminho até o poder para o neofascista Yarosh e seus partidários”, assinalou Dolgov em sua conta no Twitter.

Acrescentou que “as arbitrariedades dos ultranacionalistas, que se sentem impunes, desacreditaram totalmente o Maidan (Praça da Independência em Kiev, principal palco da revolução ucraniana)”.

“Os guerrilheiros devem ser julgados”, ressaltou o representante da chancelaria em alusão aos protagonistas dos violentos distúrbios em Kiev que se saldaram com uma centena de mortos e derrubaram o presidente Viktor Yanukovich, refugiado agora na Rússia.

A Rússia emitiu na quarta-feira uma ordem de busca e prisão internacional de Yarosh por “convocações públicas, em veículos de comunicação, para realizar atos terroristas e extremistas”.

O Setor de Direitas anunciou em 1º de março a mobilização de seus ativistas contra a intervenção militar russa na república autônoma da Crimeia.

Além disso, no mesmo dia, na conta de Yarosh no Vontakte, a maior rede social russa, apareceu um comunicado, dirigido ao líder da guerrilha caucasiana mais procurado pela Justiça russa, o checheno Doku Umárov, no qual supostamente lhe pediu ajuda na luta contra Moscou.

Logo depois desse relatório ser publicado, o presidente da república russa da Chechênia, Ramzan Kadyrov, que considera Umarov morto, advertiu a Yarosh que pode ter o mesmo destino que o homem a quem pede ajuda.

“Em caso de necessidade, assim como aconteceu com seu amigo Umarov, será comprada para você uma passagem só de ida”, advertiu então Kadyrov.

No entanto, o Setor de Direitas negou ter publicado a convocação e denunciou que sua conta no Vontakte foi pirateada.

Após a queda de Yanukovich, as novas autoridades ucranianas ofereceram a Yarosh ser secretário adjunto do Conselho de Defesa e Segurança Nacional, proposta que o líder do Setor de Direitas recusou. EFE

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