Movimentos juvenis denunciam irregularidades nas eleições egípcias
Cairo, 28 mai (EFE).- O movimento juvenil 6 de abril, junto com outras frentes revolucionárias, apresentou nesta quarta-feira uma série de denúncias de “irregularidades e falsificações” nas eleições presidenciais egípcias.
De acordo com os grupos opositores, as medidas adotadas favoreceriam o “candidato dos tanques”, em referência ao ex-chefe do Exército e ex-ministro de Defesa Abdul Fatah al Sisi.
Em comunicado, o Movimento Juvenil pela Justiça e Liberdade e os socialistas revolucionários assinalaram que o povo egípcio “rejeitou com abstenção dar um cheque em branco a Abdul Fatah ao Sisi”.
Na noite de ontem, a Comissão Eleitoral do Egito decidiu ampliar até hoje as votações, perante a pouca participação dos dois primeiros dias. Isto demonstra, segundo os grupos citados, que “Al Sisi não tem o apoio incondicional de todo o povo egípcio como ele achava”.
Além disso, os grupos citaram que o “fracasso” do processo eleitoral demonstra que é possível que a oposição se revolte novamente contra um “regime militar e ditatorial”.
O comunicado, que foi lido em entrevista coletiva por Mohammed Youssef, porta-voz do Movimento juvenil 6 de abril, também afirma que grandes empresários ligados ao regime do ex-presidente Hosni Mubarak (1981-2011) “ameaçaram seus trabalhadores com demissões caso eles não votassem em Al Sisi”.
Segundo os opositores, membros da campanha de Al Sisi utilizaram “as mesquitas para fazer propaganda eleitoral e incitar os egípcios a votar, sendo que, há dois anos, essas mesmas pesoas teriam acusado a Irmandade Muçulmana de utilizar a religião para ganhar as eleições”.
O Movimento 6 de abril já anunciou que seu apoio ao outro candidato, o esquerdista Hamdin Sabahi, embora tenha ressaltado que não acredita que ele seja capaz de governar e completar os objetivos da revolução.
Antes de terminar de ler o comunicado, a entrevista coletiva teve que ser interrompida por um aviso de que a polícia estava a caminho para deter os membros do Movimento 6 de abril, considerado ilegal pelo governo egípcio.
Ao fim do ato, entre gritos de “polícia, polícia”, o porta-voz do Movimento 6 de abril disse que “a revolução no Egito continua viva e que Al Sisi cairá igual caíram seus antecessores”.
O Movimento 6 de abril, que se legitimou em meio à revolução que acabou com a presidência de Mubarak em 2011, já havia anunciado que boicotaria as eleições. EFE
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