MSF denuncia “emergência humana” em amparo de refugiados na Áustria
Viena, 25 ago (EFE).- A organização Médicos sem Fronteiras (MSF) denunciou nesta terça-feira uma “emergência humana” no centro de amparo de refugiados da Áustria, situado na cidade de Traiskirchen, no leste do país, onde encontrou condições “prejudiciais para a saúde” das mais de três mil pessoas abrigadas.
A ONG, que recentemente fez duas visitas ao controverso centro, criado inicialmente para 1,8 mil pessoas e atualmente superlotado, somou suas críticas às já declaradas há poucos dias pela Anistia Internacional.
Em relatório, a MSF afirma que a situação no centro piorou rapidamente nos últimos meses, devido à chegada em massa de novos refugiados e à falta de reação adequada das autoridades.
“As condições de amparo não só violam os direitos, mas a dignidade das pessoas que buscam proteção na Áustria. O cuidado médico e psicossocial é completamente insuficiente e deve ser ampliado com urgência, assim como o alojamento, e as instalações de saúde são prejudiciais à saúde”, disse Mario Thaler, diretor da seção da Áustria da MSF, em comunicado.
As mulheres grávidas estão “em parte hospedadas em barracas em condições inaceitáveis e, em geral, não têm informação suficiente sobre a possibilidade de cuidados médicos que têm”, informa o relatório.
Os especialistas da organização afirmam que diversos refugiados e ativistas relataram vários partos e abortos realizados ao ar livre. Como a capacidade do centro foi superada, muitas pessoas e famílias dormem a céu aberto ou em barracas improvisadas.
Entre as críticas, a organização repudia o fato de que durante a noite não há profissionais de saúde, e que os que trabalham durante o dia começam a jornada com os exames rotineiros dos recém-chegados. Só após finalizar essa tarefa os médicos se dedicam aos casos que necessitam atendimento rápido ou urgente.
Os pacientes precisam pegar uma senha numérica para serem atendidos, mas como é impossível atender todos antes do fim da jornada de trabalho dos médicos, às 17h locais, muitos devem esperar até o dia seguinte e tirar um novo número.
A organização cita casos concretos que ilustram as dificuldades das pessoas quando estão doentes e apresentou hoje seu relatório ao Ministério do Interior da Áustria, ao qual exigiu um diálogo construtivo para elaborar medidas que melhorem a situação. EFE
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