MSF:Milhares de sul-sudaneses precisam de ajuda urgente para sobreviver
Genebra, 1 abr (EFE).- Centenas de milhares de sul-sudaneses necessitam de ajuda urgente e não estão obtendo por conta do espiral de violência na qual está imersa seu país, alertou nesta terça-feira a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF).
“Nós temos em teoria acesso a todas as áreas do Sudão do Sul. Não há obstáculos políticos, todas as partes nos dão autorização para chegar a qualquer área. Mas a violência é tal que os níveis de insegurança nos impedem de chegar a vastas zonas do país”, afirmou o diretor-geral da MSF, Bruno Jochum.
Segundo dados da ONU, desde que a violência explodiu em 15 de dezembro, mais de um milhão de pessoas deixaram seus lares, das quais 800 mil são deslocadas internas e outras 254 mil cruzaram as fronteiras e são refugiadas nos países vizinhos.
Esta situação de crise se agrava pelo fato de que o Sudão do Sul abriga 220 mil refugiados sudaneses que, por sua vez, fugiram de seu país.
“Há 30 anos, a MSF está presente na zona que agora é Sudão do Sul, temos 322 expatriados trabalhando no terreno junto a 3.364 empregados sul-sudaneses, fazemos muito, mas falta muitíssimo mais por fazer”, disse Jochum em entrevista coletiva.
“A não ser que haja uma solução diplomática de última hora, algo que me surpreenderia, tememos que o conflito não fará mais do que se agravar e a situação humanitária será ainda mais desesperadora”, se lamentou.
Jochum censurou que as partes em conflito não respeitem as instalações sanitárias como lugares neutros e lembrou que, nas últimas semanas, vários hospitais foram destruídos e ocorreram assassinatos de doentes ou feridos internados.
“Esta clara falta de respeito pela assistência médica privou centenas de milhares de pessoas de contar com assistência sanitária quando mais a necessitam”, abundou.
Jochum observou o fato de que a missão das Nações Unidas para o Sudão do Sul (UNMISS) esteja formada ao mesmo tempo por militares e por trabalhadores humanitários, “o que confunde a população local e levanta suspeitas”.
O diretor ainda explicou que o trabalho de assistência fica danificado pelo fato de não saber bem a diferença entre a função de segurança e a humanitária, “o que dificulta enormemente a entrega de ajuda”.
“Além disso, a maior parte das ONGs no terreno dependem logísticamente da ONU para realizar seu trabalho, o que desacelera o processo”, acrescentou.
O conflito no Sudão do Sul começou em 15 de dezembro quando as autoridades sul-sudanesas tiveram que fazer frente a um ataque de militares rebeldes.
O governo acusou deste suposto tentativa de golpe de Estado ao ex-vice-presidente Riak Machar, rival político do líder, Salva Kiir.
Desde então ocorreram os enfrentamentos, que causaram milhares de mortos e colocaram à beira da guerra civil o jovem país, que ficou independente em julho de 2011 do Sudão.
O governo e os insurgentes alcançaram um cessar-fogo em 23 de janeiro em Adis-Abeba, mas ambas as partes se acusam mutuamente de violar a trégua, especialmente nos estados de Unidade, Jonglei e Alto Nilo. EFE
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