Mudança climática ameaça existência da população das Ilhas Gilbert

  • Por Agencia EFE
  • 13/05/2014 15h32

Paris, 13 mai (EFE).- A população das Ilhas Gilbert, no oceano Pacífico, corre risco de desaparecer por causas climatológicas, segundo o relatório apresentado nesta terça-feira pela Fundação Barbier-Müller, dedicada a investigar culturas e povos desconhecidos ou em perigo.

Os cerca de 94 mil habitantes deste pequeno arquipélago de atóis da Micronésia oriental correm um “grave risco” de perder sua terra até 2050 por conta do “aquecimento global”, alertou a pesquisadora francesa Guigone Camus, autora do estudo.

“Trata-se da primeira população na história da humanidade que pode desaparecer por razões relacionadas com o clima, concretamente pela alta do nível do mar”, disse Camus, doutoranda na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris.

Camus passou em 2011 cerca de sete meses nas Ilhas Gilbert, pertencentes à República de Kiribati, período que se dedicou a investigar os costumes e a organização deste povo “praticamente desconhecido”, assim como a advetir sobre o risco ao qual está exposto.

“As mudanças radicais que o arquipélago enfrenta obrigarão seus habitantes a um deslocamento em massa que colocará em perigo toda sua cultura e tradição”, ressaltou.

A investigadora, que apresentou seu relatório em uma mesa-redonda realizada no museu parisiense Quai Branly, assegurou que “em cerca de duas décadas” a temperatura dessa zona do Pacífico aumentará entre 4 e 5 graus, o que se traduzirá em um aumento do nível do mar de 90 centímetros.

A maioria de ilhas habitadas que integram o arquipélago são atóis (pequenos ilhotas de coral em forma de anel com uma lagoa de água doce no meio), cuja “planitud”, disse, propiciará as inundações.

Camus afirmou que seus habitantes estão “plenamente conscientes” da situação, sobretudo em Tabiteuea, ilha principal que faz as vezes de “centro administrativo”.

“Há grande inquietação e desde as ilhas maiores partem expedições de nativos para avisar sobre a nova situação às povoações das menores e de difícil acesso”, especificou.

Descendente do povo de Samoa, cujos habitantes chegaram pela primeira vez ao arquipélago há mais de mil anos, a população dessas ilhas conta com uma grande tradição oral, “testemunho de uma sociedade sutil e complexa”, resumiu Camus.

A investigadora viajou ao Pacífico avalizada pela Fundação cultural Museu Barbier-Müller, instituição que apadrinha este tipo de projetos e que tem como objetivo o estudo de povoações que nunca foram visitadas por etnólogos, antropólogos ou historiadores. EFE

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