Mulher saudita participa pela primeira vez de eleições municipais
Suleiman al-Assad.
Riad, 22 ago (EFE).- Os centros eleitorais da Arábia Saudita abriram suas portas neste final de semana para receber os cidadãos e, pela primeira vez, as cidadãs que desejam registrar-se para votar nas terceiras eleições municipais da história do país.
A fim de evitar a agitada temporada da peregrinação muçulmana, na segunda-feira passada os centros das cidades de Meca e Medina já haviam se colocado à disposição de homens e mulheres que querem participar do pleito.
O centro eleitoral de Medina foi testemunha do registro de Jamal al Saadi, a primeira votante saudita da história do país, segundo publicou o jornal “Al-Hayat”.
Um decreto real de 2011, ratificado pelo falecido rei saudita Abdullah bin Abdul Aziz, permitiu às mulheres participar das eleições municipais como candidatas e eleitoras a partir deste pleito.
Os 1.263 centros eleitorais estão atualmente em fase de registrar eleitores e as eleitoras, e receberão as solicitações de candidaturas a partir do próximo dia 30 de agosto.
Mashael al Shamri, de 33 anos, expressou à Agência Efe sua felicidade por participar do processo pela primeira vez.
“É um momento histórico para a mulher saudita e um fato que quero a contar a meus netos no futuro”, comentou.
Shamri, professora em uma escola primária, acrescentou que a presença da mulher nos conselhos municipais não somente significa igualdade, mas conferirá ao trabalho municipal um ar “estético e assim as mulheres expressarão necessidades que passam despercebidas aos homens”.
Estas eleições também se distinguem das anteriores por diminuir a idade legal de votação a 18 anos, ao invés de 21, e elevar a porcentagem dos candidatos que podem ser eleitos a 70% (2.106 de 3.159), diferente do 50% anterior, já que os demais (1.053) são nomeados pelo rei.
Em comunicado de imprensa, o porta-voz das eleições, Yadie al Qahtani, esclareceu que o Ministério de Assunto Municipais preparou 424 centros para receber exclusivamente mulheres em diferentes áreas do país, onde serão protegidas por guardas de segurança.
“Homens e mulheres participarão das eleições separadamente”, ressaltou Qahtani, que descartou a presença de observadores internacionais no pleito, já que “entidades internacionais não têm direito a vigiar eleições locais”.
No entanto, algumas instituições não-governamentais sauditas sem fins lucrativos participarão da vigilância, entre elas a Associação de Direitos Humanos, a dos Advogados e as organizações de jornalistas e de engenheiros. EFE
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