Mulheres de distrito paquistanês votam pela primeira vez em 45 anos

Islamabad, 15 set (EFE).- As mulheres votaram nesta terça-feira pela primeira vez em 45 anos em um distrito do noroeste do Paquistão, onde desde 1970 eram impedidas de votar por ser uma prática contra a tradição, em uma eleição que coincidiu com o Dia Internacional da Democracia.

“A última vez (que as mulheres votaram) foi nas eleições de 1970, quando as mulheres depositaram seu voto no circunscrição PK 93”, disse o porta-voz provincial da Comissão Eleitoral, Sohail Ahmed, em referência à divisão administrativa que corresponde ao distrito de Alto Dir.

“Devido às tradicionais coações e aos costumes locais as mulheres não estavam autorizadas. Inclusive nas eleições de 1970 não houve plena participação. Nas gerais de 2013 as mulheres não votaram, mas ninguém se queixou”, lembrou o porta-voz.

Ahmed garantiu que a Comissão Eleitoral ordenou em 2013 uma reeleição no circunscrição e “os maiores da região, candidatos e a sociedade civil jogaram seus papéis e as mulheres foram autorizadas a votar nesta eleição de hoje”, que escolherá um membro da assembleia da província de Khyber Pakhtunkhwa.

A votação aconteceu sem incidentes, embora a participação feminina não tenha sido alta, segundo esta fonte.

Dos 148.076 eleitores, 57.708 eram mulheres, para as quais foram reservados 14 dos 134 postos de votação, com grandes medidas de segurança, sete mil policiais desdobrados e o exército em alerta, segundo o jornal local “Express Tribune”.

Concorreram dois partidos, Jamaat-e-Islami e o Partido Popular do Paquistão (PPP), para a eleição de uma cadeira vaga pela inabilitação em julho de um parlamentar da assembleia de Khyber-Pakhtunkhwa, uma das regiões mais inseguras do país e onde as Forças de Segurança paquistanesas desenvolvem desde dezembro uma operação contra os insurgentes.

Nas eleições gerais de 2013, as mulheres de algumas zonas do noroeste do Paquistão tiveram seu direito a voto negado por decisão de conselhos tribais locais e por acordos de diversos partidos políticos. EFE