Mulheres de oposicionistas presos na Venezuela denunciam Maduro no Senado
Nicolás Maduro
Nicolás MaduroO governo da Venezuela foi denunciado hoje (7) por violação de direitos humanos por mulheres de políticos oposicionistas presos, durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado, que discutiu a situação política naquele país, ente as quais Lilian Tintori, segundo a qual há 89 políticos presos pelo regime chefiado pelo presidente Nicolás Maduro.
“Estamos à beira de uma crise humanitária. Meu esposo está preso injustamente há um ano e três meses por denunciar o regime de Maduro que tem todas as características de uma ditadura. Hoje, há 89 presos políticos na Venezuela. São inocentes. Pedimos ajuda ao Brasil para levantar a bandeira da democracia”, apelou Lilian, mulher do líder oposicionista Leopoldo López.
Líder do partido Vontade Popular, López está preso desde fevereiro do ano passado, sob a acusação de ter incitado violência em manifestações contra o regime venezuelano. “Não há justiça e nem liberdade de expressão na Venezuela. Quem protesta, vai preso. Quem escreve contra Maduro, está preso. O país está destroçado, com desabastecimento de alimentos e remédios”, disse Lilian aos senadores.
A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado ouviu também o depoimento de Mitzy Capriles, mulher de Antonio Ledezma, prefeito de Caracas, que foi preso em fevereiro deste ano, acusado de conspirar contra o governo de Maduro, e Rosa Orozco, que teve a filha de 23 anos assassinada com um tiro no rosto ao participar de uma manifestação contra o governo em fevereiro do ano passado.
“Estudantes foram assassinados com tiros na cabeça por participarem de manifestação e por serem contrários ao governo. Matam a quem tem opinião diferente. Não vivemos em uma democracia. Não quero que outras mães passem por isso e que matem mais jovens. Temos medo que nossos filhos sejam mortos”, disse Rosa.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que o Brasil tem sido omisso com relação à situação política na Venezuela. “O Brasil deveria estar exercendo uma liderança natural nas questões da nossa região no que diz respeito à democracia e aos direitos humanos. A escalada autoritária na Venezuela é de conhecimento de todos”, disse o senador.
O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) também acredita que o Brasil tem que ser mais atuante com relação à crise venezuelana. Ele lembrou que o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, esteve na Comissão de Relações Exteriores do Senado no dia 24 de março para falar sobre sua ida ao país vizinho com a comissão da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que faz intermediação para que o governo e a oposição venezuelanos mantenham diálogo.
“O ministro Mauro Vieira disse acreditar que a comissão [da Unasul] tenha contribuído para diminuir as tensões da sociedade venezuelana. É uma afirmação que foi recebida com cautela por essa comissão [CRE]. É uma sucessão de reuniões em que não se veem resultados concretos”, disse Nunes.
Segundo o senador Lindberg Farias (PT-RJ), o Brasil está tomando posição sobre a crise na Venezuela em conjunto com todos os países da América do Sul. “O centro de toda essa discussão é forçar a negociação entre situação e oposição na Venezuela. Há posições extremadas dos dois lados. O governo brasileiro tem um papel de conciliação”, disse Farias.
O petista informou que hoje à tarde o diretor do Departamento da América do Sul II do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Clemente Baena Soares, vai receber a delegação venezuelana no Itamaraty.
Após a audiência pública, a delegação venezuelana foi recebida pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). “Fizemos um apelo para que o governo [brasileiro] tivesse um olhar diferente com que acontece naquele país amigo. Quando falamos de governo, estamos incluindo o Legislativo, que está fazendo sua parte. Quem precisa mudar a rota e fazer a sua parte também é o Poder Executivo. Eu espero sinceramente, em nome do Congresso Nacional, que isso aconteça”, disse Renan.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.