Mulheres de PMs seguem em frente dos batalhões e polícia não volta às ruas no ES

  • Por Jovem Pan com Estadão Conteúdo
  • 11/02/2017 09h02
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ES - ESPÍRITO SANTO/PM - CIDADES - Familiares de policias militares em frente ao Quartel do Comando da Polícia Militar do Espírito Santo, em Vitória, na noite desta sexta-feira, 10. O governo do Estado e associações da Polícia Militar capixaba anunciaram nesta sexta-feira, 10, o fim do motim nos quartéis do Espírito Santo, após o governo endurecer a negociação e indiciar 703 PMs por crime de revolta. O movimento, que já durava sete dias, deverá ser encerrado neste sábado, 11, às 7 horas, quando os acessos aos batalhões serão desobstruídos. Pelo acordo, os PMs e bombeiros que voltarem ao serviço não sofrerão punições administrativas disciplinares. Nos sete dias de paralisação, 121 pessoas foram assassinadas no Estado, 666 veículos roubados e furtados e 300 lojas saqueadas. 10/02/2017 - Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO Mulheres de policiais seguem em frente a batalhão da PM - AE

As mulheres de policiais militares seguem ocupando as portas dos batalhões no Espírito Santo, mesmo com o acordo firmado na última sexta-feira (10). A PM e o governo do Estado haviam definido a volta dos militares às ruas na manhã deste sábado (11), mas o que se viu foram as mulheres dos policiais, que não estavam presente no momento da reunião, prosseguindo com o protesto e se recusando a sair da frente dos portões.

 Elas dizem que não vão recuar do ato por melhores salários e permanecem em frente aos quartéis bloqueando a saída dos policiais.

Perto das 8h, alguns policiais se aproximaram do portão principal do Quartel do Comando-Geral da Polícia Militar (PM) do Espírito Santo e fizeram um apelo para que as mulheres desbloqueassem a saída para que pudessem voltar para o policiamento nas ruas. Os PMs disseram que precisavam estar às 8h em seus postos de trabalho porque, caso contrário, seriam punidos.

Às 8h, dezenas de policiais que estavam na rampa de acesso ao batalhão e esperavam para sair retornaram ao prédio do Comando-Geral. Aos gritos de “guerreiros”, eles foram muito aplaudidos pelas manifestantes. As viaturas do Batalhão de Missões Especiais (BME), elite da PM do estado, também permanecem dentro do quartel.

De acordo com a Associação dos Oficiais Militares, a maior parte da PM quer continuar dentro dos batalhões. A Secretaria de Estado da Segurança Pública informa que na grande Vitória e no interior do Espírito Santo a polícia segue fora das ruas. Este é o oitavo dia sem a presença dos militares nas ruas do Estado.

De acordo com o documento firmado, os que voltassem a trabalhar a partir deste sábado não iriam sofrer punições administrativas disciplinares. Além disso, o governo se comprometeu a apresentar um cronograma para a concretização das promoções previstas em lei que não foram efetivadas até o momento. 

Após sete dias de motim de policiais militares, o número de mortes violentas no Espírito Santo subiu para 127, segundo o Sindicato de Policiais Civis. Em fevereiro de 2016, houve 122 homicídios. Apesar das tropas federais, a maioria das escolas, unidades de saúde e bancos seguiu de portas fechadas. Ônibus tiveram circulação restrita. O movimento nas ruas de Vitória era praticamente de carros particulares e táxis. O Estado já tem pelo menos 300 lojas saqueadas e 666 veículos roubados e furtados.

Segundo o presidente do sindicato de policiais civis, Jorge Leal, houve 522 roubos e 144 furtos registrados nas delegacias. A média, diz ele, é de 550 veículos roubados por mês.

Uma auxiliar de serviços gerais, de 43 anos, pilotava a sua moto em Vila Velha, quando foi rendida por bandidos armados. Eles ordenaram que descesse do veículo e entregasse as chaves, sob ameaça de morte.

“Foi um momento de terror. Ainda não paguei a moto e me senti impotente. Era meio-dia quando aconteceu, mas não tinha ninguém na rua, estava tudo deserto. Fiquei com medo de gritar e morrer ali”, contou.

A enfermeira Fabíola Machado, de 33 anos, conseguiu recuperar o carro, roubado na última segunda-feira. Ela foi rendida por dois ladrões quando estacionava o veículo em Vitória. “Mantive a calma e entreguei tudo, afirmou.

“Divulgamos a placa do nosso veículo na internet e conseguimos localizá-lo. Ele estava sem gasolina em uma estrada no município da Serra (Grande Vitória)”, relatou Fabíola.

Uma operação da Polícia Civil feita na manhã de ontem apreendeu 32 veículos roubados em municípios da Grande Vitória. A quantidade é duas vezes a mais do que é recuperado, em média, em todo o Estado a cada dia.

Já a Federação do Comércio de Bens, de Serviços e Turismo do Estado estima prejuízos de R$ 180 milhões com os saques em lojas Esse cálculo não considera ainda o dinheiro perdido com os dias parados.

A entidade ainda conclamou empresários a voltarem ao trabalho na segunda, “munidos de coragem, guarnecidos que estarão pelas forças federais”.

Transtorno

Nas ruas da Grande Vitória, bancos estão fechados. Para pagar contas, é preciso recorrer a locais, como supermercados, onde é possível pagar contas, o que gera enormes filas.

“Estou cheia de contas para pagar, sem dinheiro e ainda falta comida em casa. Minha filha me pede para tomar leite e nem isso tenho para oferecer a ela”, contou a empregada doméstica Daniela Nascimento.

A família está sob alerta. “Quando ouço qualquer barulho, eu me escondo com minha filha. É desesperador”, afirmou Daniela, de 44 anos.

A Universidade Federal do Espírito Santo adiou a matrícula presencial de estudantes aprovados pelo Sistema de Seleção (Sisu), prevista para semana que vem.

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