Mulheres indígenas são vitais para enfrentar mudança climática

  • Por Agencia EFE
  • 10/12/2014 10h30
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David Blanco Bonilla.

Lima, 10 dez (EFE).- O conhecimento ancestral das mulheres indígenas na conservação dos alimentos é considerado vital perante a mudança climática e a criação de um fundo que permita sua preservação é um dos principais pedidos defendidos pelos indígenas durante a cúpula COP20.

Na 20ª Conferência das Partes sobre a Mudança Climática (COP20), que acontece em Lima até amanhã, a delegação indígena, formada por representantes da América, Ásia, Oceania e África, ressaltou que o conhecimento das mulheres contribuirá para a segurança alimentar do mundo.

Por esse motivo, foi pedida “a criação de um fundo que seja destinado a trabalhar no conhecimento ancestral das mulheres para a conservação de alimentos”, declarou à Agência Efe Segundo Chuquipiondo, representante da Associação Interétnica de Desenvolvimento da Selva Peruana (Aidesep).

O Programa Mulher Indígena promove o desenvolvimento integral das mulheres indígenas andinas e amazônicas, ao potencializar seu papel nos processos de mudança e ampliar suas capacidades para o desenvolvimento de propostas.

Para atingir esse objetivo, é necessário o investimento em projetos, programas e políticas públicas com ações de formação e fortalecimento de lideranças e organizações, “desde uma prática democrática, intercultural, intergeneracional e de equidade de gênero.”

Chuquipiondo enfatizou que os indígenas participam da COP não só para expor suas queixas, mas para apresentar planejamentos concretos, como o apoio à mulher indígena e o respaldo ao programa de adaptação à mudança climática.

Os especialistas insistiram, além disso, na reivindicação de titulação de terras e solicitaram o respaldo oficial ao projeto da Rede Indígena Amazônica, que procura proteger mais de 5 milhões de hectares em Brasil, Colômbia, Venezuela, Peru e Equador.

Chuquipiondo disse que “é necessário e urgente regulamentar as operações das grandes empresas que motivam o desmatamento”, entre as quais mencionou a pecuária em grande escala, as hidrelétricas e a produção de palma almotolia.

Os indígenas destacam que a COP20 é a primeira cúpula de seu tipo que incluiu a presença oficial de seus representantes, apesar de eles serem os mais afetados pela mudança climática.

Os povos indígenas contam em Lima com uma delegação oficial e também com um pavilhão na exposição Vozes para o Clima, uma das principais atividades paralelas à cúpula climática.

“Tentamos que a implantação do pavilhão indígena, pela primeira vez com esta COP, seja permanente, que não seja uma moda, mas estejamos em todas as reuniões climáticas que ocorrem no mundo”, ressaltou Chuquipiondo.

Um recente relatório das Nações Unidas alertou que os povos indígenas “são considerados entre os mais vulneráveis à mudança climática dada sua grande dependência dos recursos naturais”.

A ONU também indicou que o Peru emite menos de 0,5% das emissões de gases do efeito estufa (GEI) do mundo e que a principal fonte destes gases em nível nacional corresponde ao setor florestal e a segunda no setor de energia, que aumentaram de maneira significativa nos últimos anos.

Durante a atual COP20, o representante da Coordenadora das Organizações Indígenas da Cuenca Amazônica (COICA), Roberto Espinoza, alertou que cerca de 150 mil hectares de florestas amazônicas são desmatadas por ano.

Além disso, o coordenador-geral da Coordenadação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Maximiliano Menezes, considerou necessário que os governos sul-americanos façam estudos de impacto ambiental para conhecer o real estado dos projetos que financiados pelas grandes corporações na Amazônia. EFE

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