Mulheres são coadjuvantes de disputa presidencial nas primárias da Argentina

  • Por Agencia EFE
  • 08/08/2015 12h17

Aldana Vales.

Buenos Aires, 8 ago (EFE).- Com apenas três candidatas entre 15 aspirantes, as mulheres ficaram em segundo plano na disputa eleitoral argentina, oito anos depois da primeira vitória de Cristina Kirchner, a primeira presidente eleita do país.

As deputadas Margarita Stolbizer (centro-esquerda) e Elisa Carrió (centro-direita), junto com Manuela Castañeira (esquerda), são as únicas mulheres que aparecerão nas cédulas no próximo domingo como pré-candidatas à presidência.

A presença feminina pode minguar ainda mais depois das primárias, já que, segundo as pesquisas, só Stolbizer poderá conseguir a quantidade de votos necessários para se apresentar aos pleitos gerais de outubro.

As pesquisas apontam que Carrió perderá a possibilidade de ser candidata à presidência para o conservador prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, com quem concorre dentro da frente opositora Cambiemos (Mudemos).

Castañeira, por outro lado, pode nem alcançar o mínimo de 1,5% dos votos que a legislação argentina estabelece como cláusula de barreira para se candidatar às presidenciais de 25 de outubro.

Na Argentina, as leis estabelecem uma quota feminina obrigatória de 30% nas listas de candidatos, mas são poucas as mulheres que aparecem nas primeiras posições.

Uma delas é a deputada Victoria Donda, que quer renovar seu assento no legislativo, e lidera a lista portenha dos Progressistas, a frente política de Stolbizer.

A imagem da candidata presidencial e o lema “A força das mulheres” protagonizam a estratégia de campanha de Donda em uma cidade que há pouco mais de dois meses foi sede da passeata “Nem uma menos” contra a violência de gênero.

“Me chamaram de prostituta e disseram que merecia por usar decote. Depois, me disseram para mostrar mais os seios, que eu deveria me casar e ter filhos. Quando me apaixonar, posso pensar em casar e ter filhos”, relatou Donda em sua propaganda de campanha.

Recentemente, a deputada amamentou sua filha em uma sessão do Congresso e instalou a discussão sobre maternidade e trabalho.

“Parece que é bom colocar o corpo nas discussões. Se minha filha tem fome e quer mamar, eu vou dar. Esteja falando com quem for”, ressaltou.

O panorama pouco favorável às políticas argentinas não é melhor na província de Buenos Aires, principal distrito eleitoral do país, em que há duas candidatas em um total de 13.

A atual vice-chefe do governo da cidade de Buenos Aires, María Eugenia Vidal, é uma das que buscará se transformar na primeira governadora mulher da província.

Com sólidos 23% das intenções de voto, Vidal está perto do chefe de gabinete da presidência, Aníbal Fernández, o mais bem posicionado para a briga pelo governo portenho.

No entanto, a braço-direito de Mauricio Macri na capital argentina fica atrás se somarmos todos os votos para o kirchnerismo, que chega aos 41%, segundo as enquetes.

Também não tiveram sorte as mulheres nas eleições na cidade de Buenos Aires, vencidas pelo macrista Horacio Rodríguez Larreta em 19 de julho.

Gabriela Michetti perdeu para Rodríguez Larreta nas primárias do partido conservador Proposta Republicana (Pró), mas levou o prêmio de consolação de acompanhar Macri na candidatura presidencial para as primárias deste domingo.

Myriam Bregman (esquerda) chegou a concorrer no primeiro turno portenho, mas obteve apenas 3,09% dos votos.

Este longo ano eleitoral argentino até o momento só beneficiou a senadora kirchnerista Roxana Bertone, que ganhou no mês passado o governo da província de Tierra del Fuego, no sul do país.

Também pode ter melhor sorte a deputada governista Verónica Magario, candidata à prefeitura do município de La Matanza, com perspectivas sólidas para as primárias e as gerais.

As pesquisas dão a ela esperanças de conseguir uma façanha em um distrito considerado uma província à parte dentro da gigante Buenos Aires. La Matanza, histórico conjunto de raízes peronista, pode ter a partir de 10 de dezembro sua primeira prefeita mulher. EFE

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