Multidão tenta enterrar vivo professor acusado de abuso de menor na Bolívia

  • Por Agencia EFE
  • 26/03/2015 16h50

La Paz, 26 mar (EFE).- A polícia da Bolívia resgatou e, em seguida, prendeu um professor que quase foi enterrado vivo por moradores do município de Caranavi, no departamento de La Paz, que supostamente violentou uma menina de dez anos, informou nesta quinta-feira a imprensa local.

O responsável do Conselho Tutelar em Caranavi, Francisco Rodríguez, declarou à rádio “Erbol” que pelo menos dois menores relataram terem sofrido abusos por parte deste professor e que exames médicos determinaram que, em um dos casos, o abuso sexual aconteceu.

Os moradores do setor Taypi Playa de Caranavi, onde aconteceram os fatos, tentaram enterrar vivo o professor ontem, que foi resgatado pela polícia e ficou detido e à disposição da promotoria, que já está a cargo do caso.

Os linchamentos de supostos delinquentes na Bolívia ocorrem com frequência e, segundo advertiram especialistas jurídicos, mostram que vigora “na prática” no país uma pena de morte aplicada pelas multidões.

Os moradores argumentam que aplicam a chamada justiça comunitária indígena, reconhecida na Constituição do país, mas que não estabelece, nem contempla, a pena de morte e os castigos físicos.

As autoridades bolivianas e organizações internacionais, entre elas a ONU, mostraram preocupação com este tipo de comportamento que, em muitos casos, a polícia não consegue evitar, já que frequentemente ocorrem em áreas rurais nas quais quase não há agentes que possam fazer frente às multidões furiosas.

Segundo organizações de defesa dos direitos humanos, acontecem na Bolívia entre dez e 20 casos de linchamentos consumados todos os anos e um número ainda maior de tentativas. EFE

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