“A radicalização de Trump vai acirrar os ânimos”, explica professor de relações internacionais
Nesta segunda-feira (11),um homem, identificado como Akayed Ullah, provocou uma explosão em uma passagem subterrânea ligada ao metrô e um terminal de ônibus na região de Midtown Manhattan, em Nova York (EUA). Três pessoas ficaram feridas na tentativa do atentado terrorista. Mas o rapaz de origem bengalesa não tinha ligações com o Estado Islâmico. De acordo com a Polícia local, Ullah teria dito que a ação foi motivada pelo posicionamento de Trump, que reconheceu Jerusalém como capital de Israel.
Em entrevista à Jovem Pan, o professor de Relações Internacionais da FACAMP (Faculdade de Campinas), Pedro Costa Júnior, explicou que a atitude unilateral dos Estados Unidos vai desencadear uma série de ataques pelo mundo. “Essa decisão unilateral tira os Estados Unidos como principal mediador desse conflito de Israel com a Palestina. Essa radicalização de Trump vai acirrar os ânimos e jogar mais pólvora nesse barril. Os atentados tendem a ser provocados como retaliação”, esclareceu o acadêmico.
De acordo com Costa Junior, esse não é um embate local e vai refletir em diversos lugares do mundo, inclusive no Ocidente. “O Estado de Israel vai fazer 70 anos em 2018. A data é sintomática e devem acontecer diversas manifestações pró e contra no mundo todo. Ao mesmo tempo, esse conflito com a Palestina ganhou uma dimensão transacional e passa pela fronteira dos estados nacionais. Qualquer decisão sobre aquele pedaço do mundo acaba tendo repercussões globais”, destacou.
Já sobre as ações dos chamados “Lobos Solitários”, o professor reitera que os ataques são motivados principalmente por conflitos nacionais e torna o trabalho preventivo muito difícil. “Esse tipo de ataque mais esporádico é completamente imprevisível. Normalmente é praticado por alguém que sequer tem conexão com algum grupo terrorista, mas que se diz inspirado por essas ações”, ressaltou Costa Junior, que relembrou o caso de Las Vegas, em que um norte-americano disparou contra pessoas que assistiam um show country.
Embora nenhum grupo terrorista ainda não tenha reivindicado o atentado, o acadêmico destaca que muitas vezes o Estado Islâmico assume a autoria até como uma forma de “publicidade” ao terror. “Essa é a estratégia que o Estado Islâmico adota de forma internacional. Com a globalização dos meios de comunicação e o estritamento da sociedade em redes e da internet, eles propagam as suas ideias além do medo”, destacou o professor da FACAMP, que ainda faz uma ressalva:
“O Estado Nacional consegue controlar a importação de armas e drogas, mas não controla coisas intangíveis como as ideologias. O Estado Islâmico aproveita para levantar a sua bandeira e propagar o terror”, disse.
*Informações do repórter Vitor Brown
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