Afeganistão admite que números da Covid-19 são bem mais altos que os oficiais

  • Por Jovem Pan
  • 06/06/2020 17h22
EFE/EPA/JAWAD JALALI País com 32 milhões de habitantes realizou apenas 46 mil testes para o novo coronavírus

Autoridades do Afeganistão admitiram neste sábado (6) que o número real de casos e mortes por coronavírus é muito superior aos oficiais, após reconhecerem que o país está ficando sem leitos hospitalares e equipamentos de tratamento.

“A transmissão comunitária de coronavírus é muitas vezes maior do que os números apresentados. Devido à limitada capacidade de testes, não podemos apresentar todos os números (de pessoas infectadas) à sociedade”, disse o ministro de Saúde Pública, Jawad Osmani, em entrevista coletiva.

O Afeganistão realizou até agora apenas 46 mil testes para o vírus SARS-CoV-2 em um país com uma população estimada em mais de 32 milhões de habitantes.

O ministro afirmou ainda que demora entre cinco e dez dias para processar e apresentar os resultados dos testes, devido à baixa capacidade dos laboratórios do país. “A capacidade de testes em todos os laboratórios é de 2 mil por dia, mas a quantidade de amostras coletadas diariamente é dez vezes maior”, explicou.

O prefeito da capital Cabul, a cidade mais afetada do país em termos de casos confirmados, Yaqub Haidari, disse que o número de pessoas infectadas é maior do que eles imaginavam. “Só em Cabul pode ser mais de um milhão”, declarou durante a mesma coletiva.

Fragilidade do sistema

Haidari se disse preocupado om o aumento do número de mortes e a falta de capacidade de resposta do país a isso. “Estou falando da tragédia existente. Antigamente, não tivemos mortes suspeitas, antigamente não enterrávamos corpos até a noite nos cemitérios. Mas, agora, isso realmente nos preocupa”, afirmou.

O Afeganistão tem um dos piores e mais frágeis sistemas de saúde do mundo, com apenas cinco leitos disponíveis para cada 10 mil pessoas.

Para o Escritório de Assuntos Humanitários da ONU em Cabul (Ocha), a falta de capacidade de testes e equipamentos de proteção para os trabalhadores da linha de frente são os principais problemas, entre muitos outros.

“Com um sistema de saúde frágil, uma economia em desenvolvimento e vulnerabilidades subjacentes, o povo do Afeganistão enfrenta consequências extremas da pandemia”, disse a Ocha em sua última atualização sobre a Covid-19.

De acordo com os últimos números oficiais do Ministério da Saúde, 19.551 pessoas deram positivo até o momento em todo o país, das quais 327 morreram, 18 delas nas últimas 24 horas.

Em meio ao aumento dos casos, o governo afegão anunciou hoje a prorrogação do bloqueio nacional por mais três meses. “O principal objetivo do novo plano para os próximos três meses é limitar e conter a propagação da pandemia”, declarou o vice-ministro da Saúde, Wahidullah Majroh.

Embora o fechamento tenha sido afrouxado para algumas empresas e trabalhadores diurnos, as autoridades disseram que todos os locais de encontro, como escolas, instituições educacionais e esportivas e salões para eventos, permanecerão fechados.

*Com EFE

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