Alemanha diverge de outros países do Ocidente e não decide se vai enviar tanques para Ucrânia

País diz que está analisando os ‘prós e contras’ de entregar os armamentos insistentemente pedidos por Zelensky; indecisão alemã vem em um momento em que a Rússia voltou a ter vitórias

  • Por Jovem Pan
  • 20/01/2023 16h03 - Atualizado em 20/01/2023 19h25
ANDRE PAIN / AFP ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius Ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius

Diferente de outros países ocidentais que se comprometeram em enviar mais armas, inclusive mais pesadas, para a Ucrânia se defender na guerra contra a Rússia, a Alemanha ainda está avaliando os “prós e contras” de entregar os tanques Leopard insistentemente pedidos pela Ucrânia para enfrentar a invasão russa. “Não estamos hesitando, apenas estamos pesando os prós e os contras. Temos a responsabilidade de pensar, detidamente, nas consequências para todas as partes no conflito”, disse à imprensa o novo ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius, na base aérea de Ramstein, onde os aliados da Ucrânia discutem o reforço do apoio à ex-república soviética invadida pela Rússia em fevereiro de 2022. Mais cedo, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu que seus aliados agilizem o processo de entrega de armamentos e acrescentou que esta nas mãos deles “lançar esta importante entrega que vai deter o mal”, disse o presidente, em mensagem por videoconferência. Um dos conselheiros de Zelensky, Mikhailo Podoliak, pediu aos países ocidentais que “parem de tremer diante de Putin” e entreguem blindados pesados a Kiev. Os países ocidentais temem que, apesar das garantias ucranianas, a Ucrânia intensifique o conflito, usando essas armas para atacar território russo e suas bases aéreas e navais na Crimeia. A região foi anexada pela Rússia em 2014.  

Mesmo com esses receios, Estados Unidos, Reino Unido, Suécia e Dinamarca anunciaram novas entregas de armas ao país. Washington desbloqueou um novo pacote de ajuda militar no valor de US$ 2,5 bilhões, que inclui 59 veículos de combate de infantaria Bradley e um grande número de veículos blindados, conforme o Pentágono. Desde o começo do conflito, os EUA já destinaram mais de US$ 26,7 bilhões. O Reino Unido enviará 600 mísseis adicionais do tipo Brimstone, além dos 4 blindados pesados Challenger 2 que tinham sido protegidos; a Dinamarca, 19 canhões Caesar; e a Suécia, canhões de longo alcance Archer. A Finlândia engrossou a lista hoje, com um pacote que incluirá artilharia pesada e munições. A Polônia disse que está disposta a entregar 14 tanques de combate Leopard 2, de fabricação alemã.

Nesta sexta-feira, 20, a Rússia anunciou que suas forças assumiram o controle de duas cidades na Ucrânia, uma delas perto de Bakhmut, no leste, onde os combates estão concentrados no momento. O Ministério da Defesa informou que forças separatistas pró-Rússia, com o apoio de artilharia e aéreo, ocuparam Klishchiivka, na região de Donetsk. Enquanto a Rússia obtém uma conquista após meses sendo neutralizadas pelo exército de Zelensky, o chefe de Estado -Maior Conjunto dos Estados Unidos, Mark Milley, expressou sérias dúvidas de que a Ucrânia conseguirá expulsar as tropas russas de seu território este ano. “De um ponto de vista militar, continuo afirmando que este ano será muito, muito difícil expulsar completamente as forças russas de todas as áreas ocupadas da Ucrânia”, declarou o general Milley, em conversa com jornalistas, durante uma reunião de aliados da Ucrânia na base aérea americana de Ramstein, na Alemanha. “Isso não quer dizer que não possa acontecer. Mas será muito, muito difícil”, acrescentou. Para especialistas, o envio do Leopard 2, um tanque moderno de design alemão, pode ter um grande impacto nos combates no leste da Ucrânia, onde a Rússia retomou a ofensiva após vários reveses. O Kremlin, por sua vez, afirmou na semana passada que a entrega de tanques ocidentais à Ucrânia não mudará “nada” no campo de batalha e nessa semana eles disseram que a entrega de armas do ocidente para Rússia é um mau presságio para a segurança europeia e escala o conflito, que está prestes a chegar em seu décimo-primeiro mês.

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