Alemanha muda política externa e anuncia que aumentará gastos militares após invasão à Ucrânia
Chanceler alemão, Olaf Scholz, informou que gastará 2% do PIB em defesa; ministra de Exterior, Annalena Baerbock, considerou essa mudança como uma ‘virada de 180 graus’
A decisão da Alemanha de fornecer armas para um país em conflito foi um ato histórico. Essa é a primeira vez que o governo alemão tem esse tipo de ação que vai contra a sua política, instaurada desde o fim da Segunda Guerra Mundial após o expansionismo e crimes de guerra do nazismo. No sábado, 26, o chanceler, Olaf Scholz, anunciou que eles estariam enviando mais de mil armamentos para a Ucrânia se defender da invasão russa. Essa mudança de posicionamento dos alemães é vista como uma das razões para que o presidente russo, Vladimir Putin, tenha ordenado que o comando militar coloque forças nucleares em alerta.
Durante uma reunião que aconteceu neste domingo, 27, no Parlamento, Scholz falou que “com a invasão da Ucrânia, estamos em uma nova era. Na quinta-feira, o presidente Putin criou uma nova realidade com sua invasão da Ucrânia. Esta nova realidade exige uma resposta clara. Nós demos”, declarou o chanceler que foi aplaudido de pé por pessoas que estavam no local. Nos últimos dias Scholz vinha sendo criticado pelos opositores e aliados que alegavam que ele estava com hesitação e fraqueza diante do acúmulo de forças russas na fronteira com a Ucrânia. Entretanto, com o fortalecimento da situação e a invasão, o chanceler anunciou uma série de sanções que iam contra as políticas alemãs, sendo a primeira delas a suspensão da operação do gasoduto Nord Stream 2, e agora o envio de armamentos e o apoio à exclusão dos bancos russos da Swift, sistema usado para transações bancárias em todo o mundo.
A ministra de Exterior da alemã, Annalena Baerbock, também se posicionou sobre essas alterações nas políticas que foram adotadas por Olaf Scholz. Ela considerou essa mudança como uma ‘virada de 180 graus na política externa’, classificando o momento como o mais correto. “Se nosso mundo é diferente, então nossa política também deve ser. Talvez seja o caso de deixar para trás uma forma de restrição peculiar na política externa e de segurança”, disse a ministra que complementou sua fala dizendo que “ao escolher entre a guerra e a paz, ao escolher entre um agressor e crianças que precisam se esconder de bombas no metrô, ninguém pode ser neutro”.
Nos últimos anos, o gasto da Alemanha com defesa tem oscilado em 1,5% do PIB, segundo dados da Otan. Mas esse cenário vai mudar. Segundo o chanceler alemão, seu país vai canalizar 100 bilhões de euros este ano para modernizar as Forças Armadas e, até 2024, o governo vai gastar pelo menos 2% do Produto Interno Bruto. Além dos gastos com defesa, Scholz também prometeu proteger o sistema de energia, incluindo aumentar o armazenamento de gás em dois bilhões de metros cúbicos, estabelecer uma reserva nacional de carvão e gás e construir rapidamente dois terminais de GNL na costa Norte do país.
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