América chegará ao pico de infecções por coronavírus em 1 ou 2 meses

Segundo a OPAS, o continente ainda tem uma chance de mitigar o impacto, caso tome medidas de prevenção, como o isolamento

  • Por Jovem Pan
  • 31/03/2020 21h43
IGOR MOTA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO brasil-coronavirus Dados da agência indicam que, até o dia 30 de março, a América havia relatado 163.068 casos confirmados e 2.836 mortes

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) alertou, nesta terça-feira (31), que a situação do coronavírus vai “escalar e piorar” na América até atingir o pico, provavelmente em um ou dois meses. No entanto, o continente ainda tem uma chance de mitigar o impacto.

“Nas últimas semanas, a pandemia na América se intensificou e tende a piorar, e não a melhorar, como aconteceu em outras regiões do mundo”, disse a diretora da OPAS, Carissa F. Etienne, em uma apresentação virtual sobre a evolução da Covid-19.

Dados da agência indicam que, até o dia 30 de março, a América havia relatado 163.068 casos confirmados e 2.836 mortes.

A maioria das infecções (86%) e mortes (85%) foi registrada nos Estados Unidos (174.467 casos e 3.416 mortes) “que continuam na fase de aceleração”, seguido por Brasil, que hoje registrou mais de 5.700 infectados, Chile (cerca de 2.700) e Equador (mais de 2.200).

Um ou dois meses

Enquanto foi relatado hoje que a Itália atingiu o pico da curva de infecção, e na Espanha estimam que esta fase está próxima, a OPAS observa que, embora seja difícil prever, este ponto na América pode ocorrer em “um ou dois meses”.

“Isto dependerá das circunstâncias específicas de cada país e das medidas que tenham tomado em termos de distanciamento social e identificação de casos”, disse Ciro Ugarte, diretor do Departamento de Emergências de Saúde da OPAS.

“Alguns já estão começando a mostrar que o controle da doença está chegando ao seu limite, no entanto, ainda vemos que o patamar pode ser estendido além disso, e nas estimativas preliminares estamos falando de um ou dois meses”, acrescentou.

Quarentena

Ugarte afirmou, ainda, que embora alguns governos tenham fixado para meados de abril a data para suspender ou relaxar o distanciamento social, uma avaliação de risco precisa ser feita em cada país e levar em conta como a doença está se comportando em outras regiões.

“Em países como Estados Unidos e outros da América Latina, estão prolongando esse período, e eu acho que essa é uma medida que eles têm que considerar para reduzir a transmissão”, alertou.

Embora muitos locais tenham aplicado medidas de distanciamento social, incluindo quarentenas massivas e obrigatórias, governos como os de EUA, Brasil, México e Canadá têm mostrado resistência devido ao impacto econômico.

A diretora da OPAS disse hoje que, embora “tais medidas possam parecer drásticas”, elas são a “única maneira de evitar que os hospitais fiquem sobrecarregados por muitos doentes em muito pouco tempo”.

Etienne pediu, ainda, para que os países que ainda não se movimentaram implementem as ações o mais rápido possível.

Janela de tempo para reduzir propagação

Os números mostram que a região entrou em uma nova fase, com vários países com transmissão comunitária. Entretanto, segundo a diretora da OPAS, a América ainda tem “uma janela de tempo para poder agir e reduzir a velocidade da propagação”.

Por isso, pediu aos países que tomem medidas urgentes para preparar hospitais e centros de saúde para o que está por vir: “um afluxo de pacientes com Covid-19 que precisarão de espaço hospitalar, leitos, profissionais de saúde e equipamentos médicos”.

“A região será capaz de salvar vidas, mas somente se agirmos agora, o que fizermos hoje será decisivo”, acrescentou, observando que o coronavírus colocou os sistemas de saúde americanos à prova. A agência está trabalhando com os governos para fortalecer a capacidade de resposta, especialmente em países com recursos limitados.

* Com EFE

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.