Após ataque a refinaria saudita, Argentina mantém preço da gasolina congelado até novembro

Mesmo com a disparada no preço do petróleo, o governo argentino decidiu manter o congelamento do preço que havia sido determinado por meio de um decreto em agosto

  • Por Jovem Pan
  • 17/09/2019 14h46 - Atualizado em 17/09/2019 15h04
Marcelo Camargo/Agência Brasil Carro abastecendo Reajustes da Petrobras impactam em toda a cadeia econômica

Mesmo após os ataques aéreos à refinaria de Abqaiq, na Arábia Saudita, que fizeram os preços internacionais do petróleo disparar, o governo da Argentina anunciou que manterá os preços da gasolina congelados até 12 de novembro, conforme havia sido anunciado em meados de agosto como uma das medidas para amenizar os impactos da inflação.

Os ataques por dez drones às refinarias da companhia de petróleo estatal Aramco, a principal do mundo, foram reivindicados por um grupo rebelde do Iêmen, apoiado pelo Irã. No entanto, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, responsabilizou diretamente o Irã pelos incidentes.

A ofensiva resultou na queda de praticamente 50% da produção da Arábia Saudita, mas o reino já anunciou que cobrirá a demanda de seus clientes com estoques.

Nesta segunda-feira (16), o ministro dos Transportes da Argentina, Guillermo Dietrich, disse que “o que aconteceu é muito perturbador, uma vez que o petróleo bruto aumentou quase dez dólares. Isso define o custo do preço das empresas. Concordamos em ver qual é a evolução e, a partir daí, analisar se devemos tomar alguma decisão. Até agora, entendendo que as medidas que tomamos não são o que queremos, mas são consequências dos desequilíbrios econômicos que se seguiram às Paso (eleições primárias na Argentina)”.

As eleições primárias são abertas, simultâneas e obrigatórias, e foram realizadas em 11 de agosto, quando o candidato de oposição Alberto Fernández recebeu 47% dos votos, contra 32% de Macri. Após o resultado das primárias, o presidente anunciou diversas medidas para tentar conter a inflação e aliviar o bolso dos argentinos.

Uma resolução publicada no Diário Oficial argetino nesta segunda (16) especificava que o barril de petróleo será mantido em 59 dólares, em vez dos 70 dólares cotado internacionalmente. Estima-se que o país gastará cerca de US$ 1,5 bilhão com a medida. No entanto, para que as distribuidoras sejam favorecidas, a resolução impôs uma condição: as companhias de petróleo e as províncias não podem ter ações judiciais contra o governo.

De acordo com a imprensa argentina, as províncias de Río Negro e Neuquén e a empresa de petróleo Vista já entraram com processos e anunciaram que manterão suas reivindicações.

Outros países

No Uruguai, preço do barril subiu quase 20% e terminou o dia valendo 69 dólares, um aumento em relação ao dia anterior de 14,59%. A Ancap, empresa estatal do ramo, garante o fornecimento pelo menos até dezembro, com valores inferiores.

A presidente da Ancap, Marta Jara, afirmou que, neste momento, é mais uma questão de percepção do risco de escassez do que da escassez real. “Estamos enfrentando uma situação geopolítica complicada e é difícil prever como isso pode evoluir. Mas os preços têm sido muito resistentes à escalada de tensões, o que indica que não deve haver problema estrutural de escassez ”, disse.

No Chile, o ministro da Fazenda afirmou que a disparada do petróleo é “um balde de água fria para a economia mundial” que pode ter sérias repercussões no país. O Chile importa mais de 90% do petróleo que consome.

O governo do Peru acredita que não haverá, no país, um impacto abrupto. Isto porque existe o Fundo de Estabilização de Preços Derivados do Petróleo (FEPC), criado em 2004, para impedir que a volatilidade dos preços internacionais do petróleo seja transferida para os consumidores. Caso o preço internacional do petróleo aumente acima da faixa de preços, o Estado assume os custos.

Na Colômbia, se os preços do petróleo se mantém altos, o país poderia ter mais ingressos em 2020, por conta de royalties e da renda gerada pela Ecopetrol, maior petrolífera do país. Isso se deve porque com a queda da oferta mundial, as exportações colombianas, em especial, se beneficiariam.

*Com informações da Agência Brasil

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