Após ataques, muçulmanos são alvo de perseguição no Sri Lanka
Pelo menos 700 refugiados de uma comunidade muçulmana perseguida se esconderam ao fugir de suas casas na cidade de Negombo, após a tensão crescer com os atentatos do Domingo de Páscoa, 21.
Um grupo de cerca de 500 muçulmanos está abrigado em uma cidade, cujo nome não foi divulgado para proteger a comunidade, segundo o The Guardian. Há presença de policiais fora do abrigo e dezenas de pessoas protestando e pedindo que o grupo seja transferido.
“Essas pessoas têm que ser tiradas deste lugar”, disse um membro do conselho local. “Nós não as queremos aqui”.
Cartazes do lado de fora dizem: “Nós não precisamos de refugiados paquistaneses”.
A polícia disse que os refugiados devem ficar alguns dias antes de serem transferidos com segurança. O grupo é da comunidade de Ahmadi, uma minoria muçulmana que é perseguida no Paquistão e legalmente proibida de entrar nas cidades sagradas Mecca e Medina.
“Nós vimos ataques em casa, alguns refugiados apanharam e levaram pedradas, por isso as pessoas ficaram com medo de permanecer em suas casas”, disse o ativista Ruki Fernando.
Tariq Ahmed, um refugiado de 58 anos, disse que as pessoas no Paquistão disseram que eles não eram muçulmanos. “Nos atacaram. Mas, aí, no Sri Lanka, as pessoas nos atacam porque dizem que somos muçulmanos.
O Sri Lanka é de maioria budista desde a guerra civil que terminou há dez anos.
Os Ahmadis sofreram décadas de perseguição no Paquistão e em outros lugares. Sua crença é de que outro profeta do Islã, chamado Ahmad, apareceu no século XIX, algo que vai contra o princípio fundamental do Islã que diz que Maomé foi o mensageiro final enviado por Deus.
“Nós não somos inimigos. Não somos terroristas, mas nos consideram terroristas”, disse Moin Ahmed, de 21 anos.
Babar Baloch, um porta-voz da ACNUR, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, disse que muitos refugiados disseram que foram alvos de ameaças e intimidação. E que os esforços para protegê-los continua. Segundo ele, cerca de 1.600 refugiados estão registrados pela ACNUR no Sri Lanka.
“ACNUR está trabalhando com autoridades locais e nacionais, que estão nos apoiando neste momento de ansiedade e preocupação”, disse Baloch.
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