Após vitória avassaladora, López Obrador clama por reconciliação no México

  • Por EFE e Estadão Conteúdo
  • 02/07/2018 08h25 - Atualizado em 02/07/2018 08h34
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EFE/Sáshenka Gutiérrez obrador Candidato de esquerda Andrés Manuel López Obrador faz discurso na Plaza de la Constituición da Cidade do México após saber que venceu as eleições

O presidente eleito do México, Andrés Manuel López Obrador, fez um rápido discurso na noite deste domingo, 1, logo após o Instituto Nacional Eleitoral divulgar projeções das apurações que confirmam uma vitória avassaladora do esquerdista nas eleições realizadas ao longo do dia.

No discurso, López Obrador disse que o dia era histórico para o México, clamou pela reconciliação do país e prometeu mudanças profundas, mas com respeito às garantias individuais e à propriedade privada. O presidente eleito também disse que vai respeitar a autonomia do Banco do México (o banco central do país) e atuar com rigor fiscal.

O pronunciamento de López Obrador ocorreu logo após o Instituto Nacional Eleitoral informar que ele terá, ao final da apuração, entre 53% e 53,8% dos votos, de acordo com projeções feitas a partir das urnas que já foram contabilizadas. Em segundo lugar ficará o conservador Ricardo Anaya, com 22,1% a 22,8% dos votos, segundo a mesma estimativa. O também direitista José Antonio Meade obterá entre 15,7% e 16,3%. Em último lugar figura o candidato independente Jaime Rodríguez Calderón, com entre 5,3% e 5,5% dos votos.

O atual presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, informou ter congratulado López Obrador pela vitória.

“Chamo a todos os mexicanos à reconciliação e a pôr acima dos interesses pessoais, por mais legítimos que sejam, o interesse superior”, declarou López Obrador em mensagem, após ser indicado como vencedor da disputa.

“Não vou decepcionar nem trair o povo”, acrescentou o futuro presidente – que assumirá o cargo no dia 1 de dezembro -, em mensagem emitida no hotel Hilton do Centro Histórico da Cidade do México, na qual afirmou que erradicará a corrupção e ajudará a todos, mas especialmente aos mais pobres.

Alguns minutos antes, o presidente do México, Enrique Peña Nieto, reconheceu a vitória do líder esquerdista e disse que telefonou para ele para parabenizá-lo e oferecer-lhe colaboração.

“Faz alguns minutos me comuniquei com o vencedor da eleição presidencial para expressar-lhe que ele e sua equipe de trabalho contarão com a colaboração do Governo da República para realizar uma transição ordenada e eficiente”, declarou o presidente.

Embora López Obrador tenha esperado os resultados da apuração rápida, os dados das pesquisas de boca de urna já previam uma ampla vitória do esquerdista, em consonância com as pesquisas divulgadas durante a campanha.

Com inusitada rapidez, Meade reconheceu que as tendências de voto nas pesquisas de boca de urna não lhe favoreciam e desejou sucesso ao líder esquerdista “pelo bem do México”.

“López Obrador é quem obteve a maioria e terá a responsabilidade de comandar o Poder Executivo”, disse o ex-ministro da Fazenda e de Relações Exteriores durante o mandato de Enrique Peña Nieto (2012-2018).

Pouco depois destas palavras falou Anaya, principal oponente de López Obrador.

“Nenhuma democracia funciona sem democratas e, porque acredito na democracia e sou um democrata, digo hoje para os mexicanos que a informação dos resultados que tenho indica que a tendência favorece Andrés Manuel López Obrador”, ressaltou Anaya, pouco depois do fechamento das urnas.

O quarto candidato à Presidência, o candidato independente Jaime Rodríguez, que prometeu cortar a mão dos políticos corruptos e instaurar a pena de morte no país, se tivesse ganhado as eleições, também reconheceu o triunfo do candidato do Movimento Regeneração Nacional (Morena).

“Isto é só um exercício democrático em que os mexicanos decidiram, e se os mexicanos decidiram continuar com a pata no pescoço do animal, eu o respeito”, declarou o candidato.

Margarita Zavala, esposa do ex-presidente Felipe Calderón (2006-2012), também parabenizou López Obrador pouco depois do fechamento das urnas por uma “vitória que marca as tendências”, e desejou “sucesso no seu governo pelo bem do México e de todos os mexicanos”.

Zavala se afastou do PAN para concorrer como candidata independente, mas se retirou da corrida presidencial no meio da campanha, no que considerou um “princípio de congruência e honestidade política”.

López Obrador vai comandar o México, a segunda maior potência latino-americana, depois do Brasil, após suas derrotas nas presidenciais de 2006 e 2012, que ele atribuiu a uma fraude eleitoral.

Com este rápido reconhecimento de resultados, a mudança política rumo à esquerda parece que começará de maneira imediata, se bem que López Obrador só assumirá o cargo oficialmente em 1 de dezembro.

Foram chamados às urnas cerca de 89 milhões de mexicanos para escolher mais de 3.400 cargos públicos, entre eles o de presidente, o de chefe de Governo da Cidade do México, deputados e senadores.

O presidente do INE, Lorenzo Córdova, afirmou após o fechamento das urnas que esta foi uma “votação em massa e uma jornada exemplar com incidentes isolados, e atendidos pelo pessoal do órgão”.

Segundo o INE, a participação foi de perto do 63%.

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