Brasileira relata dificuldades para trazer sogros ucranianos para o Brasil: ‘Sentimento de impotência’

Luciana Cosin Uzhyk entrou em contato com o consulado ucraniano no Brasil e com a embaixada brasileira em Kiev, mas não obteve uma solução concreta; Sergey e Iryna Uzhyk vivem em Kharviv, perto da fronteira com a Rússia

  • Por Guilherme Strabelli
  • 25/02/2022 16h21
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Arquivo Pessoal/ Luciana Cosin Uzhyk Família na Ucrânia Anton é filho único e tenta, ao lado de Luciana, trazer os pais da Ucrânia para morar na cidade de Atibaia, em São Paulo, onde o casal vive

Os ataques russos a diversas cidades ucranianas nos últimos dois dias fez com que milhares de residentes no país tentassem deixar o território, indo para países como Polônia e Hungria. Enquanto isso, as forças armadas da Ucrânia tentam resistir ao poderio militar da Rússia, que já cercou a capital Kiev e domina cidades estratégicas espalhadas pelo território ucraniano. Para tentar equilibrar o confronto, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, determinou que todos os homens com idade até 60 anos devem ficar no país para ajudar no combate às tropas russas. Isso dificultou os planos de Luciana Cosin Uzhyk e seu marido, Anton Uzhyk. Isso porque o casal, que vive em Atibaia, no interior de São Paulo, tenta trazer Sergey e Iryna, pais de Anton, para o Brasil, mas estão sendo barrados pelas leis ucranianas.

O casal vive sozinho na cidade de Kharviv, localizada no leste da Ucrânia, próximo à fronteira com a Rússia. Em entrevista à Jovem Pan, Luciana relatou que está desde quinta-feira, 24, tentando viabilizar a saída dos sogros, mas que não obteve sucesso até agora. “Estamos desde ontem tentando viabilizar a saída deles da Ucrânia. Ontem as coisas estavam bem complicadas por ser o primeiro dia de invasão. Hoje a gente teve mais um ponto negativo, porque a Ucrânia colocou uma imposição que os homens com menos de 60 anos não podem sair, e meu sogro tem 57 anos. Isso é mais uma coisa que está dificultando a saída deles da Ucrânia”, disse Luciana. A brasileira também informou que entrou em contato com a embaixada ucraniana no Brasil e com a embaixada brasileira em Kiev, mas que não conseguiu soluções efetivas. “A gente está falando com o consulado ucraniano, com a embaixada da Ucrânia aqui no Brasil. Eles ainda não têm uma força-tarefa para tirar essas pessoas e a embaixada brasileira alega que primeiro vão tirar os brasileiros e depois vão dar assistência para ucranianos caso seja necessário. A gente quer tirar eles da Ucrânia e trazê-los para o Brasil. Eles já tinham planos de vir morar com a gente, estamos pensando em todas as possibilidades, até em desertar, sair e pedir asilo por guerra no Brasil”, continuou. 

Luciana também relatou um sentimento de impotência perante a situação e relatou que será difícil para os sogros deixarem a cidade rumo à fronteira com a Polônia, uma vez que Kharviv fica a aproximadamente mil quilômetros da divisa. Entretanto, a brasileira diz que não irá desistir de tentar reunir a família. “O sentimento que a gente tem é de impotência, porque a gente não consegue. A gente tenta, tenta e tenta e não consegue resolver a situação. Adoraríamos conseguir resolver essa situação o mais rápido possível, mas é complicado. A Ucrânia está tomada pela Rússia. não dá para sair pelas barreiras. Meu sogro e minha sogra moram longe demais das barreiras seguras, que são na Polônia, a mais de mil quilômetros. A gente fica aqui, mas não vamos desistir deles, de lutar e de trazer eles para o Brasil. Tenho certeza que eles chegarão ao Brasil e ficarão com a família deles”, concluiu Luciana.

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