Canadá adota represálias contra EUA no valor de US$ 12,8 bilhões

  • Por Agência EFE
  • 31/05/2018 17h31
Agência EFE Trudeau afirmou que as medidas adotadas pelos Estados Unidos "são totalmente inaceitáveis"

O governo do Canadá imporá tarifas contra produtos americanos no valor de US$ 12,8 bilhões em represália à decisão dos Estados Unidos de restringir as importações de aço e alumínio canadenses.

As medidas foram anunciadas nesta quinta-feira pelo primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, e pela ministra de Relações Exteriores canadense, Chrystia Freeland, em entrevista coletiva em Ottawa.

Trudeau afirmou que as medidas adotadas pelos Estados Unidos “são totalmente inaceitáveis” e que é “inconcebível” que o Canadá possa ser considerado uma ameaça à segurança do seu vizinho com o qual são parceiros na “Norad, na Otan e no mundo todo”.

O premiê canadense acrescentou que a decisão do governo americano de impor tarifas às exportações canadenses de aço e alumínio terão um profundo efeito nas relações entre os dois países apesar de o secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, ter negado que pudesse ter maiores repercussões.

Neste sentido, Freeland afirmou que as represálias tomadas pelo Canadá representam as maiores adotadas pelo país contra seu parceiro desde a Segunda Guerra Mundial.

Trudeau também revelou que se ofereceu na semana passada para viajar aos EUA para se reunir com o presidente americano, Donald Trump, e fechar a renegociação do Tratado de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta), por entender que se estava perto de assinar um acordo.

Mas, na terça-feira, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, lhe comunicou que seu país estava disposto a aceitar a oferta desde que Trudeau aceitasse uma cláusula de cancelamento do Nafta a cada cinco anos.

“Eu lhe disse que era totalmente inaceitável. E a visita não aconteceu”, explicou Trudeau.

Por sua parte, Freeland indicou que as tarifas canadenses afetarão o aço e o alumínio americanos assim como outros produtos. A lista final será determinada durante o próximo mês após consultas com setores econômicos do país, acrescentou a ministra canadense.

México acompanha represália

O governo do México também anunciou que responderá à imposição norte-americana com “medidas equivalentes a diversos produtos”.

“Diante das tarifas impostas pelos Estados Unidos, o México imporá medidas equivalentes a diversos produtos como aços planos (laminação a quente e a frio), lâmpadas, pernis e paletas suínas”, informou a Secretaria de Economia do país em comunicado.

As tarifas mexicanas – que também contemplarão embutidos, maçãs, uvas, mirtilos e diversos queijos – serão aplicadas “por um montante equiparável” ao que o país perderá com as sanções americanas.

“O México lamenta profundamente e reprova a decisão dos Estados Unidos de impor estas tarifas às importações de aço e alumínio provenientes do México a partir de 1º de junho, sob o critério de segurança nacional”, diz o comunicado.

O governo mexicano afirmou que este tipo de medida tarifária “não é adequada, nem justificada” e lembrou que aço e alumínio contribuem para a “competitividade de vários setores estratégicos e altamente integrados” na América do Norte, como o automotivo e o eletrônico.

“O México reitera a sua postura contra medidas protecionistas que afetam e distorcem o comércio internacional de mercadorias”, acrescenta o texto.

Devido à decisão do Departamento de Comércio dos EUA, o governo mexicano destacou que sua contrapartida valerá até que Washington volte atrás em sua decisão.

“O México reitera a sua abertura ao diálogo construtivo com os Estados Unidos, seu apoio ao sistema comercial internacional e sua rejeição às medidas protecionistas unilaterais”, afirma o comunicado.

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