‘Chernobyl chilena’ registra nova intoxicação em massa devido à poluição do ar

Uma centena de estudantes foram atendidos nesta terça com dores de cabeça e vômitos

  • Por Jovem Pan
  • 24/05/2023 01h08
Reprodução/ Instituto Nacional de Derechos Humanos (INDH) chernobyl chilena; quintero A cidade de Quintero sofre a anos com a poluição de indústrias

Ao menos uma centena de estudantes foram atendidos nesta terça-feira, 23, por intoxicação supostamente relacionada com a contaminação ambiental em Quintero, no Chile, uma cidade costeira localizada em um cinturão industrial onde as emissões tóxicas são recorrentes e que é conhecida como a “Chernobyl chilena“. “Ontem todos nós de Quintero percebemos que o ar estava muito pesado. As equipes de bombeiros começaram a monitorar o centro e cada vez que se aproximavam do cordão industrial o cheiro era mais forte”, disse o prefeito de Quintero, Francisco Jeldes. O prefeito da cidade, localizada na região central de Valparaíso, 110 quilômetros a noroeste da capital, explicou que foram obrigados a suspender as aulas e que os sintomas apresentados pelos alunos foram, principalmente, dores de cabeça e vômitos. “Há mais de um mês anunciamos que íamos entrar em um momento complexo, com pouca ventilação do ar, e que poderiam ser recorrentes os episódios de má contaminação”, lamentou Jeldes. A Secretaria Regional Ministerial de Saúde de Valparaíso (Seremi) informou, por sua vez, que o episódio de contaminação começou por volta das 23h (hora local) de ontem e decretou um alerta ambiental por hidrocarbonetos não metálicos suspensos no ar.

O alerta, que afeta os municípios de Concón, Quintero e Puchuncaví, obriga as indústrias poluidoras a reduzir suas emissões ambientais e amplia a capacidade de controle das autoridades. A baía de Quintero-Puchuncaví, conhecida como a “Chernobyl chilena”, abriga uma dezena de usinas termelétricas, petrolíferas e químicas que deixaram rastros profundos de contaminação e onde a população sofre recorrentes episódios de intoxicação. O cordão industrial é uma das cinco “zonas de sacrifício” existentes no Chile, áreas que foram criadas na década de 1960 para impulsionar o desenvolvimento econômico do país em detrimento permanente do meio ambiente e da saúde da população. “Não queremos mais zonas de sacrifício. Hoje existem centenas de milhares de pessoas vivendo em nosso país expostas à grave deterioração ambiental que causamos ou permitimos e, como chileno, estou envergonhado”, disse o presidente do Chile, Gabriel Boric, em junho do ano passado.

A estatal Codelco, maior empresa de cobre do mundo, recebeu na semana passada o aval para fechar uma de suas fundições de cobre na cidade vizinha de Ventanas, altos-fornos que funcionavam há quase seis décadas e foram responsáveis por episódios anteriores de contaminação. O fechamento da fundição, aprovado em março pelo Parlamento chileno, foi uma das grandes promessas de Boric. “O fechamento da fundição Codelco não nos garante que os episódios de contaminação não continuarão ocorrendo”, alertou o prefeito de Quintero.

*Com informações da EFE

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