China reclama dos EUA à OMC e promete “contramedidas necessárias”

  • Por Jovem Pan com agências
  • 11/07/2018 13h19 - Atualizado em 11/07/2018 13h20
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EFE/ Jerome Favre Ministério de comércio chinês promete "contramedidas necessárias para proteger seus próprios interesses"

O governo chinês criticou, nesta quarta-feira (11), a última ameaça dos norte-americanos de impor novas tarifas sobre a importação de bens do país asiático e disse que as medidas são “totalmente inaceitáveis”.

O governo dos EUA divulgou, na noite desta terça-feira (10), a proposta de tarifar em 10% 6.031 tipos de produtos da China, em mais um sinal de elevação da tensão comercial entre os dois países. As compras desses bens pelos importadores americanos somam US$ 200 bilhões anuais.

O ministério do Comércio da China não deu detalhes sobre as ações que serão tomadas. Entretanto, em comunicado, disse que “será forçado a impor contramedidas necessárias para proteger seus próprios interesses”.

Na semana passada, diante da aplicação de tarifas sobre US$ 34 bilhões em importações chinesas, Pequim respondeu na mesma moeda (contra produtos essencialmente agrícolas).

“A atitude dos EUA prejudica a China, o mundo e a eles mesmos. Esta conduta irracional não pode ganhar apoio”, afirmou um porta-voz do Ministério de Comércio chinês, através de um comunicado.

Ele acrescentou que “a China está chocada” com a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de taxar produtos chineses.

O anúncio de Washington, feito na noite de terça-feira, foi divulgado poucos dias depois da última sexta-feira começaram os primeiros primeiros passos na guerra comercial entre as duas grandes potências econômicas.

Veja comentário recente de Marcos Troyjo sobre a guerra comercial:

OMC

O comunicado indicou que a China apresentará um novo requerimento na Organização Mundial do Comércio (OMC) para denunciar a “conduta unilateral” dos Estados Unidos.

Ao mesmo tempo, também convocou a comunidade internacional para trabalhar em conjunto “em defesa do livre-comércio e do sistema multilateral de comércio e, em conjunto, rejeitar o hegemonismo comercial”.

“A China expressa série preocupação com as práticas unilaterais e protecionistas de um Estado-membro individual da OMC, que viola abertamente as regras fundamentais e o espírito da organização”, afirma o Governo chinês no relatório que enviou à organização por ocasião da revisão que ocorre entre hoje e sexta-feira sobre suas políticas comerciais.

A China, acrescentou o Executivo de Xi Jinping, sublinhou repetidamente que os “atritos e disputas comerciais devem ser solucionados mediante diálogos, consultas e comunicações, com relação mútua e de acordo com as regras multilaterais do comércio dentro do marco da OMC”.

Neste sentido, lembra que apresentou denúncias em relação ao órgão de resolução de disputas da OMC à guerra comercial criada entre EUA com a China, México, Canadá e a União Europeia (UE) por impor tarifas adicionais de 25% e 10% às importações de aço e alumínio procedente deles.

“Além dos grandes desafios que enfrenta agora o sistema multilateral de comércio, a China pede a todos os membros da OMC que permaneçam comprometidos com os princípios básicos, ou seja (um comércio) aberto, transparente, inclusivo, não-discriminatório e baseado nas regras”, afirmou em outra referência aos EUA.

Pequim assegura em seu documento que “o sistema multilateral que representa a OMC é um dos mecanismos de governança global mais importantes criados pelo homem e um forte e poderoso contrapeso ao unilateralismo e protecionismo”.

Por isso, também atacou os EUA por bloquear a nomeação de candidatos para cobrir as vagas no órgão de apelação da OMC, o que dificulta seu funcionamento.

“A China considera que garantir os funcionamento adequados do órgão de apelação não só é uma obrigação dos membros da OMC, mas também é do interesse comum de todos”, indica o Governo chinês.

“À vista das dificuldades que enfrentam o sistema multilateral de comércio e a grande carga de trabalho na resolução de disputas, qualquer atraso adicional na hora de começar o processo de seleção dos membros do órgão de apelação prejudicaria gravemente os interesses da OMC e de todos seus membros”, sustenta Pequim no relatório.

A China também admite poucos erros ou práticas questionáveis na sua política comercial, como denunciaram por exemplo os EUA e a UE perante a OMC recentemente quanto à legislação de propriedade intelectual.

Tanto Washington como Bruxelas denunciam as provisões da lei chinesa que obrigam empresas europeias no país asiático a ceder a propriedade ou os direitos de uso de sua tecnologia a entidades chinesas, perdendo a possibilidade de negociar os termos destas transferências.

A respeito, a China não admite algum tipo de má prática, ao apontar em seu relatório que “seguirá encorajando as trocas tecnológicas normais e a cooperação entre empresas chinesas e estrangeiras, e protegendo os direitos de propriedade intelectual legal de companhias estrangeiras”.

Com Estadão Conteúdo e EFE

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