China registra cerca de 37 milhões de infecções de Covid-19 por dia e confisca produção de medicamentos
Relatório da empresa Airfinity aponta que cerca de 18% da população do país provavelmente contraiu o vírus nos primeiros 20 dias de dezembro
Os altos casos de Covid-19 na China tem ganhado destaque mundial. Nesta semana, o epidemiologista chinês que trabalha na ONU, apontou que o país deve registrar milhões de mortes e que 10% da Terra deve estar infectada em 90 dias. Só nesta semana, segundo as estimativas da principal autoridade de saúde do governo da China, 37 milhões de pessoas podem ter sido infectadas, apontou a empresa britânica de dados de saúde Airfinity, que também fala em cinco mil mortos por dias. Contudo, os números oficiais só mostram quatro mil novos casos sintomáticos e nenhuma morte pelo terceiro dia consecutivo. O relatório, publicado pela Bloomberg News nesta sexta-feira, 23, aponta que cerca de 18% da população do país (248 milhões de pessoas) provavelmente contraiu o vírus nos primeiros 20 dias de dezembro.
Desde que as restrições foram suspensas, as autoridades chinesas reportaram oficialmente apenas seis mortes por Covid. Entretanto, no início da semana, o governo introduziu uma nova metodologia para contabilizar as vítimas. Agora, apenas as pessoas falecidas diretamente de insuficiência respiratória ligada ao vírus serão incluídas nas estatísticas. Esses altos números acontecem dias após a flexibilização da política de ‘covid-zero’ que estava em vigor desde o começo da pandemia. A decisão foi tomada após uma série de manifestações que são incomuns no país. Em resposta aos pedidos dos manifestantes, o governo chinês optou por flexibilizar a rígida política. Os hospitais do país estão completamente lotados, os crematórios estão saturados e nesta sexta, o governo da China confiscou a produção de material médico de algumas empresas farmacêuticas depois de registrar problemas no abastecimento de remédios básicos e testes de diagnóstico após o aumento de contágios de Covid-19. As farmácias das grandes cidades ficaram sem produtos depois da decisão repentina do governo de acabar com quase três anos de confinamentos, quarentenas e testes em larga escala, conhecidos como política de “covid zero”.
As autoridades recomendaram que as pessoas com sintomas leves permaneçam em casa e optem pelo autotratamento, o que provocou a compra compulsiva de analgésicos, como o ibuprofeno, ou de testes de antígenos. Para solucionar a escassez, o governo optou pela intervenção em mais de 10 empresas farmacêuticas chinesas para ajudar a “garantir o fornecimento” de medicamentos, segundo a imprensa local e fontes. Em Chongqing, grande cidade do sudoeste do país, os corredores do Hospital nº 5 foram transformados em uma enfermaria improvisada para pacientes com coronavírus. Uma fita vermelha e branca delimita o espaço onde uma dezena de pacientes, a maioria idosos, recebem soro intravenoso, deitados em seus leitos. Numa sala contígua, cerca de 40 pessoas esperam por atendimento, algumas delas tossindo. Uma enfermeira garante que todos testaram positivo para covid-19. Em uma unidade de terapia intensiva próxima, três pacientes recebem suporte respiratório e os médicos monitoram suas funções cardíacas. A explosão sem precedentes de casos de covid na China gerou temores de uma alta mortalidade entre os idosos, que são especialmente vulneráveis e também menos vacinados. Quarenta corpos chegaram a um crematório no sul de Chongqing em um intervalo de duas horas na quinta-feira, 22.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.