Colonos israelenses são presos por distúrbios que deixaram um morto em vilarejo palestino
Região passa por sua maior espiral de violência desde a Segunda Intifada (2000-05) e, até agora, em 2024, pelo menos 294 palestinos foram mortos por fogo israelense
Quatro colonos israelenses, incluindo um menor de idade, foram presos por suspeita de envolvimento em um ataque ao vilarejo palestino de Jit, na Cisjordânia ocupada, na semana passada, que deixou pelo menos um morto e várias casas e carros vandalizados, informaram as autoridades nesta quinta-feira. Os quatro suspeitos, que foram presos na noite de quarta-feira (21), estão sendo interrogados pela polícia e pelo serviço de inteligência interior israelense (Shin Bet), de acordo com um comunicado das autoridades. “Trata-se de um grave incidente terrorista que incluiu a queima de prédios e veículos, o lançamento de pedras e coquetéis molotov. Também houve um tiroteio que matou um palestino e feriu outro”, disseram os porta-vozes da polícia e do Shin Bet.
Os detidos também são suspeitos de envolvimento em outros ataques contra palestinos, de acordo com as autoridades. No ataque a Jit, em 15 de agosto, cerca de cem colonos judeus encapuzados invadiram o vilarejo, a leste da cidade palestina de Qalqilya, incendiaram vários veículos e abriram fogo contra a população. Um jovem palestino, Rashid Mahmud Sadda, de 23 anos, foi morto pelos disparos. A Autoridade Nacional Palestina (ANP), que governa pequenas partes da Cisjordânia ocupada, chamou o ataque de “terrorismo de Estado” e acusou o ministro da Segurança Nacional israelense, o colono antiárabe Itamar Ben Gvir, de ajudar a armar os extremistas por meio de sua política de promoção da posse de armas por civis.
Ben Gvir, por sua vez, foi morno em sua condenação do ataque nas redes sociais logo após o ocorrido. “Quem deve lidar com o terrorismo e a dissuasão, inclusive contra os terroristas na aldeia de Jit, é o Exército israelense”, escreveu na rede social X. O ministro ultranacionalista culpou o ministro da Defesa, Yoav Gallant, alvo frequente de suas críticas, pelo ocorrido. Gallant, por sua vez, compartilhou uma declaração dizendo que os agressores “atacaram pessoas inocentes” e que eles “não representam os valores das comunidades que vivem em Samaria”, referindo-se aos assentamentos da Cisjordânia pelo nome bíblico que as autoridades e os colonos usam ao falar sobre o território.
A Corte Internacional de Justiça decidiu, em 19 de julho, que todos os assentamentos judaicos na Cisjordânia ocupada são ilegais e exigiu que Israel evacuasse todos os colonos. Mais de 700 mil colonos vivem na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, e até agora, neste ano, o governo israelense, o mais direitista da história, autorizou vários planos de expansão de assentamentos, legalização de postos avançados e confiscos extensivos de terras. A Cisjordânia ocupada está passando por sua maior espiral de violência desde a Segunda Intifada (2000-05) e, até agora, em 2024, pelo menos 294 palestinos foram mortos por fogo israelense, a maioria combatentes ou agressores, mas também civis, incluindo cerca de 70 menores de idade, depois de fechar 2023 como o ano mais mortal em duas décadas, com mais de 520 mortes.
*Com informações da EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.