Conheça os candidatos a premiê da Espanha

Direita é apontada como favorita para vencer as eleições legislativas que vão ser realizadas neste domingo, 23

  • Por Sarah Américo
  • 23/07/2023 07h05
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JAVIER SORIANO / AFP e JAIME REINA / AFP pedro sanchez e alberto feijoo Esquerdita Pedro Sánchez e direitista Alberto Feijóo são os favoritos para as eleições legislatvas

Os espanhóis vão às urnas neste domingo, 23, para escolher o próximo chefe do Executivo do país – chamado de primeiro-ministro, premiê ou presidente do governo. O esquerdista Pedro Sánchez, atual premiê e membro do partido Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), e o direitista Alberto Núñez Feijóo, do Partido Popular (PP), são os dois principais nomes na disputa. As pesquisas apontam que Feijóo é o favorito, mas uma provável aliança com a extrema-direita para viabilizar a formação de governo divide seus apoiadores. Yolanda Díaz, da extrema-esquerda, e Santiago Abascal, da extrema-direita, também são candidatos. Até o último final de semana antes das eleições, cerca de 20% dos quase 37,5 milhões de eleitores estavam indecisos.

Confira os candidatos:

Alberto Núñez Feijóo

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Alberto Núñez Feijóo, candidato do Partido Popular (conservador) da Espanha │JAIME REINA / AFP

O senador e líder da oposição no Parlamento espanhol, Alberto Núñez Feijóo, é um político de direita pragmático com moderação e previsibilidade estimadas, respeitado dentro do Partido Popular (PP, conservador). Nascido na Galícia, noroeste do país, cresceu em uma família de pai pedreiro e mãe funcionária uma mercearia. Deu os primeiros passos na política em 1991 na Galícia, na Secretaria da Agricultura, ao lado de um futuro ministro da Saúde que o levou a Madri em 1996. Na capital, assumiu o Instituto Nacional de Saúde e os Correios, antes de retornar à Galícia em 2003 como diretor regional de Obras Públicas. Três anos depois, assumiu a presidência do PP regional. Em abril de 2022, foi eleito por uma ampla maioria como líder dos conservadores em uma convenção em Sevilha, e assumiu a tarefa de unificar o partido após uma das piores crises internas de sua história.

Até chegar ao Senado em Madri no ano passado, Feijóo governou a Galícia, onde conquistou quatro maiorias absolutas no Parlamento regional desde 2009 – fato incomum em uma Espanha politicamente fragmentada. Nessa região, ele conseguiu conter o partido de extrema direita Vox, que nunca conquistou um assento no Parlamento galego, enquanto a nível nacional é a terceira força no Congresso. Embora o PP lidere as pesquisas, elas indicam que Feijóo provavelmente precisará do apoio do Vox para obter a maioria absoluta necessária para formar um governo. O candidato de direita promete, há meses, “revogar o sanchismo”, em referência ao governo do socialista Pedro Sánchez.

Pedro Sánchez

Pedro Sánchez

Pedro Sánchez é o atual presidente do Governo da Espanha │Moncloa/EFE

Não seria a primeira vez que Pedro Sánchez se recupera após parecer derrotado. Perseverante e ousado, o primeiro-ministro espanhol tentará desmentir os resultados das pesquisas. Nascido em 29 de fevereiro de 1972 em Madri, filho de mãe funcionária pública e pai empresário, Pedro Sánchez estudou Economia em Madri e Bruxelas. Concluiu seus estudos com um doutorado controverso em uma universidade particular de Madri, acusado de ter plagiado sua tese – algo que sempre negou. Militante do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) desde a adolescência, um então quase desconhecido Sánchez se tornou secretário-geral da sigla em 2014, após as primeiras primárias realizadas na legenda centenária.

Dois anos depois, porém, sofreu um duro revés quando, após os piores resultados eleitorais da história do partido, foi afastado da direção socialista em uma rebelião interna do PSOE. Graças ao apoio de militantes, Sánchez voltou pela porta da frente sete meses depois, após ter feito campanha em seu carro por toda a Espanha. Essa tenacidade o levou ao poder em junho de 2018 com nova estratégia política. Reunindo toda a esquerda, além dos separatistas bascos e catalães, conseguiu derrubar com uma moção de censura o conservador Mariano Rajoy, enfraquecido por um escândalo de corrupção, e tornar-se chefe do governo. Depois de chegar ao poder logo após a tentativa fracassada de secessão da Catalunha em 2017, Sanchéz também conseguiu restabelecer o diálogo com os separatistas. Uma estratégia da qual costuma se orgulhar, mas que desvalorizou a imagem de seu governo, segundo as pesquisas de opinião.

Yolanda Díaz

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Candidata a primeira-ministra da Espanha, atual ministra do Trabalho e Economia Social e líder da aliança de esquerda radical │JAVIER SORIANO / AFP

Yolanda Díaz, atual ministra do Trabalho, é uma candidata da esquerda radical e uma aposta pelo “diálogo” em meio ao “barulho” da Espanha. Ela nasceu em 1971 perto de Ferrol, uma cidade da Galícia, no noroeste da Espanha, de onde era natural o ex-ditador Francisco Franco. A especialista em direito do trabalho ficou conhecida no começo da década passada por participar de reuniões políticas com seu bebê nos braços. Graças à sua personalidade amável e seu discurso unificado, ela pretende mobilizar o setor trabalhista espanhol nas eleições deste domingo. A número três do governo de Pedro Sánchez, que criou seu próprio partido chamado “Sumar” (Somar), alcançou parcialmente o objetivo de conseguir apoio de 15 partidos para construir uma candidatura conjunta da esquerda radical. Essa seria a primeira vitória para Yolanda, que em três anos saiu de praticamente desconhecida para a líder política mais valorizada pelos espanhóis, segundo levantamento.

Santiago Abascal

santiago abascal

Santiago Abascal candidato a primeiro-ministro da Espanha, o líder do partido de extrema-direita Vox│JAVIER SORIANO / AFP

Com uma imagem de defensor da pátria, Santiago Abascal transformou o partido de extrema direita Vox em uma força expressiva na Espanha, além de um aliado indispensável para os conservadores do país europeu. Militante do Partido Popular (PP) desde jovem, o ex-deputado de 47 anos fundou o Vox no final de 2013, acusando a sua antiga associação, a quem chegou a se referir como “direita covarde”, de ser muito branda. Nascido em Bilbao e criado em Amurrio, cidade do País Basco onde seu avô foi prefeito durante a ditadura de Francisco Franco (1939-1975), Abascal costuma contar que seu pai, vereador do PP, escapou de três tentativas de assassinato do grupo separatista ETA.

Terceira força política no Parlamento espanhol desde 2019, o Vox se apresenta de “mão estendida” ao PP com o objetivo de destronar o governo do socialista Pedro Sánchez. A coalizão teve força expressiva nas eleições regionais, sobretudo em Valência (leste), uma das mais ricas do país. Agora, parece ganhar força também em escala nacional. Após reorganizar a extrema direita na Espanha, o líder do Vox e seu partido acusam frequentemente a esquerda de querer “dividir os espanhóis” resgatando a memória das vítimas do franquismo, e de ter “profanado” o túmulo do general ao exumar seu mausoléu em 2019.

*Com informações da AFP

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