De vilarejo na Alemanha ao topo da Igreja Católica: Relembre a trajetória de Bento XVI

Nascido em 1927, Joseph Ratzinger foi eleito em 2005, em um dos conclaves mais rápidos a história; sua vida foi marcada pela Segunda Guerra Mundial, quando desertou do exército alemão

  • Por Jovem Pan
  • 31/12/2022 07h52
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Sven Hoppe / POOL / AFP papa bento xvi

Conhecido por ser um dos poucos Papas a renunciar ao cargo máximo da Igreja Católica, Joseph Ratzinger, o Papa Bento XVI, morreu neste sábado, 31, aos 95 anos de idade. Nascido em 16 de abril de 1927, em uma pequena vila na Alemanha começou a vislumbrar sua vocação para sacerdote em 1932, quando mudou para a cidade de Aschau e começou a frequentar atos litúrgicos. Em 1939, entrou para um seminário em Traunstein para iniciar sua formação na vida eclesiástica. Com a Segunda Guerra Mundial, o local foi usado como hospital militar. Em 1943, os 16 anos, foi incorporado ao exército alemão por alistamento obrigatório e desertando das forças armadas, o que o levou a prisão, onde permaneceu até o fim do confronto.

Ao lado de seu irmão, Ratzinger entrou para um seminário católico e, em junho de 1951, foi ordenado sacerdote pelo arcebispo e Munique. Em 1952 começou sua atividade como professor na Escola Superior de Filosofia e Teologia de Frisinga. Ele passou por outras escolas até 1969, quando passou a ser catedrático de dogmática da Universidade de Ratisbona, onde chegou ao cargo de vice-reitor. E 1977, foi nomeado arcebispo de Munique pelo Papa Paulo VI, sendo elevado a Cardeal no mesmo ano. Em 1981, foi apontado como Congregação para a Doutrina da Fé, cargo que ocupou até a morte de Paulo VI. Ele participou dos conclaves que elegera João Paulo I e João Paulo II em 1978 e só veio a participar novamente da tradição em 2005, quando entrou como decano do Colégio de Cardeais para sua própria eleição.

Aos 78 anos, Ratzinger foi eleito Papa em conclave encerrado em 19 de abril com apenas quatro votações – sendo um dos mais rápidos da história. No dia 24 do mesmo ano, toou posse. Na votação final, o alemão teve 84 votos, contra 26 de Jorge Mario Bergoglio, então arcebispo de Buenos Aires. O nome Bento teria sido escolhido em homenagem a Bento XV, que ocupou o cargo entre 1914 e 1922, ficando conhecido como “Papa da Paz” por tentar negociar durante a Primeira Guerra Mundial. Durante seu período no cargo, sofreu com polêmicas, como a postura em relação a crimes sexuais contra menores nos EUA e a negação do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo no mundo.

Entretanto, sua maior polêmica veio justamente em sua renúncia, no dia 13 de fevereiro de 2013. A informação, na época, foi divulgada pelo Vaticano, que informou o início de um período de sede vacante, quando não há uma liderança. E 2012, o arcebispo italiano Luigi Betazzi já havia especulado abertamente sobre a chance de renúncia de Bento XVI. O alemão deixou o cargo em 28 de fevereiro do mesmo ano e retirou-se para o Castelo Gandolfo, seguindo posteriormente para o Convento Mater Ecclesiae, onde morreu neste sábado. Para o seu lugar, foi eleito Papa Francisco, que se tornou o primeiro sul-americano a ocupar o cargo máximo da Igreja Católica.

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