Eleições argentinas devem terminar 1º turno com Milei e Massa na disputa pela presidência
Em meio a uma forte disputa política e polarização, eleitores argentinos não devem formar maioria para eleger um candidato na primeira votação do pleito, de acordo com analistas
Em meio a uma forte disputa política, a Argentina realiza o primeira turno das eleições presidenciais neste domingo, 22. O país conta com três principais candidatos, de diferentes tendências partidárias e políticas. São eles: o economista de extrema-direita Javier Milei, o peronista e atual ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, e candidata de centro-direita, Patricia Bullrich. A expectativa dos analistas para a votação deste domingo é de que a eleição siga para o segundo turno, com Javier Milei com o maior numero de votos, seguido por Sergio Massa. Segundo Lucas Fernandes, coordenador de Análise Política da BMJ Consultores Associados, existe sim a possibilidade de uma vitória de Milei no primeiro turno. “As regras eleitorais da Argentina são diferentes do Brasil. Para ganhar no primeiro turno, o candidato precisa conquistar 40% dos votos, com o segundo colocado ficando com menos de 30%. Ou chegar a 45%, independente da porcentagem dos outros. Há a expectativa de que o Milei possa até superar os 40%, algo que hoje a maioria dos institutos de pesquisa não apontam. Contudo, é muito difícil que o Sergio Massa fique com menos de 30%. Por isso, a expectativa de que os dois sigam para o segundo turno”, esclarece. Fernandes complementa que Milei representa uma preocupação por conta de propostas ultraliberais. Nesse sentido, Bullrich seria a candidatada favorita pelo mercado financeiro. A eventual eleição de Milei deve levar à um aumento do dólar, segundo o especialista.
O risco Milei
Eduardo Fayet, consultor e especialista em Relações Institucionais e Governamentais, observa que Milei é visto como um candidato estridente e com ideias bastante diferenciadas. “A primeiro delas é a dolarização total com propostas no sentido da liberdade econômica completa, sem regulação do setor privado, fechamento do Banco Central para tentar estimular a concorrência monetária no país. Na situação em que a Argentina está agora, dificilmente terá alguma capacidade de implementação efetiva ou total, porque obviamente a política argentina vai se defender de coisas muito radicais que destruam ou que acabem com determinadas características do país”, analisa.
David Martinez, professor de Relações Internacionais na Universidade Federal do ABC Paulista, complementa que há uma tendência de que a extrema direita chegue ao poder, com Milei como representante. Contudo, ele deve ter dificuldade para implementar suas ideias radicais. “Quando o candidato fala para a plateia, fala o que ela quer ouvir. Mas quando ele se senta na cadeira de governante, as coisas podem mudar. Nem sempre o que se promete é cumprido. Vamos ver a governabilidade dele nos próximos anos. Todas as mudanças que ele propõe devem passar pelo Congresso e ele não tem maioria. Então, isso vai dificultar muito a concretização de suas promessas”, resume. Ele usa esse exemplo também para analisar a promessa de afastamento do Brasil, observando que pode haver um distanciamento político, mas mantendo o pragmatismo comercial.
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