Elizabeth II, Bono e Madonna são citados em novo caso de paraísos fiscais
A rainha da Inglaterra, Elisabeth II, o líder do grupo U2, Bono, e a cantora Madonna estão entre os 127 personalidades internacionais ligadas a empresas em paraísos fiscais em um novo escândalo, batizado como Paradise Papers, divulgado neste domingo simultaneamente por vários veículos de imprensa.
A investigação, desenvolvida pelo Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ, na sigla em inglês), foi feita por 382 jornalistas de quase 100 veículos, que analisaram mais de 13 milhões de documentos de paraísos fiscais e que abragem um período de 70 anos, de 1950 a 2016.
Os documentos são de duas empresas, Appleby e Asiaciti Trust, e foram vazados ao jornal alemão “Süddeutsche Zeitung”, procedentes de 19 países que estão na lista de paraísos fiscais da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE): Antígua e Barbuda, Aruba, Bahamas, Barbados, Bermuda, Caimán, Ilhas Cook, Dominica, Granada, Labuan, Líbano, Malta, Ilhas Marshall, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, São Vicente, Samoa, Trinidad e Tobago e Vanuatu.
Entre as personalidades citadas nos documentos, segundo o ICIJ, estão a rainha Elizabeth II, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, o ex-chanceler alemão Gerhard Schröder, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, e um importante aliado do primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau.
Segundo dados divulgados pelo ICIJ, a rainha Elizabeth dispõe de uma “receita privada que provém principalmente de Lancaster, ducado que investiu US$ 7,5 milhões na empresa Dover Street VI Cayman Fund LP em 2005”.
O ducado de Lancaster recebeu em 2008 cerca de US$ 360 mil desse investimento, recursos que foram parar em uma empresa de desenvolvimento de tecnologia de impressões digitais para telefones celulares, em farmacêuticas e em companhias de alta tecnologia.
Também estão na lista revelada hoje a cantora americana Madonna, acionista de uma “companhia de suprimentos médicos em Bermudas”, registrada em 1997 e dissolvida em 2013, e o líder da banda irlandesa U2, Bono, acionista de uma empresa registrada em Malta, proprietária de um shopping na Lituânia.
Segundo os veículos que colaboraram com a investigação, os Paradise Papers são o maior vazamento de documentos de paraísos fiscais da história e são ainda mais relevantes que os Panama Papers.
Ducado nega irregularidades
Um porta-voz do ducado de Lancaster, patrimônio privado da rainha do Reino Unido, Elizabeth II, disse neste domingo à emissora “BBC” que todos os investimentos da monarca são “auditados e legítimos”, após uma investigação internacional ter revelado que ela investiu em empresas em paraísos fiscais.
“Operamos uma série de investimentos e parte delas é com recursos no exterior. Todos os nossos investimentos são auditados e legítimos”, declarou o porta-voz.
“A rainha paga impostos de forma voluntária sobre as receitas que recebe do ducado”, completou o porta-voz sobre a entidade, que administra terras, propriedades, investimentos e empresas para a monarca britânica.
O diretor financeiro do ducado de Lancaster, Chris Adock, disse também à “BBC” que a estratégia de investimento se baseia em conselhos e recomendações de assessores.
“O ducado só investiu em fundos de capital privado de alta consideração, seguindo a recomendação de nossos assessores”, disse Adock.
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