Encontro do G20 é marcado por condenação à Rússia e estratégia para evitar ‘nova Guerra Fria’

Reunião confirmou o isolamento de Moscou que não teve ninguém falando em sua defesa; Zelensky participou por videoconferência

  • Por Jovem Pan
  • 16/11/2022 12h22
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Ludovic MARIN / POOL / AFP reunião g20 Emmanuel Macron discursa durante reunião do G20

Terminou nesta quarta-feira, 16, em Bali, Indonésia, a reunião de cúpula do G20, envolvendo os líderes das grandes economias do planeta. O encontro foi marcado pela condenação à Rússia e o aumento da pressão internacional sobre Putin, inclusive de países próximos a Moscou, para encerrar a guerra na Ucrânia. Apesar da divisão em torno da invasão, as delegações, incluindo a Rússia, concordaram com um projeto de comunicado final que sublinha o “imenso sofrimento” causado pelo conflito e observa que “a maioria dos membros condenou firmemente a guerra na Ucrânia”. Ao contrário de uma reunião do G20 em julho, na qual Lavrov saiu da sala, o ministro das Relações Exteriores da Rússia resistiu estoicamente, também quando o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky discursou por videoconferência. “Estou convencido de que agora é a hora em que a guerra destrutiva da Rússia deve e pode terminar”, disse Zelensky. Em comentários posteriores, Lavrov disse que as exigências da Ucrânia para iniciar negociações “são manifestamente não realistas” e acusou o Ocidente de travar uma “guerra híbrida” contra eles. Os apelos à paz começaram desde a abertura da cúpula pelo presidente indonésio Joko Widodo, que permaneceu neutro durante o conflito.”Temos que acabar com a guerra. Se a guerra não acabar, será difícil para o mundo avançar”, disse Widodo, alertando que o mundo não pode cair “em outra guerra fria”.

A guerra e suas consequências devastadoras no mundo monopolizaram a primeira sessão de debate da cúpula, dedicada à segurança alimentar e energética, mas também mostraram o isolamento de Vladimir Putin. Com tantos países sofrendo as consequências da guerra, mesmo países geralmente próximos a Moscou, como China ou Índia, aderiram aos apelos pela paz, embora sem mencionar diretamente a Rússia. Em seu discurso, Xi Jinping expressou sua firme oposição “à politização, instrumentalização e uso de problemas alimentares e energéticos como arma”, embora também tenha criticado as sanções ocidentais contra Moscou. “Está claro que a Rússia está muito isolada”, disse um alto funcionário de uma delegação ocidental. “Ninguém veio em defesa da Rússia. Há quem não queira atacá-la, mas não houve ninguém que veio em sua defesa”, apontou outra fonte ocidental.

países do g20

O estrondo das armas no leste da Europa, gerou consequências, globais, como a inflação afundando milhões de famílias na pobreza e levando vários países à recessão. As delegações incluíram no rascunho da declaração final um apelo à renovação do pacto entre Moscou e Kiev para permitir a exportação de cereais ucranianos, que expira em 19 de novembro, pedido ao qual Zelensky se juntou. O acordo alcançado em julho com a intervenção da ONU e da Turquia possibilitou o início da exportação das 20 milhões de toneladas de grãos bloqueadas pelo conflito na Ucrânia, um dos maiores produtores mundiais de grãos. Entre os países do G20 estão alguns dos mais atingidos por essa inflação, como Turquia ou Argentina, onde os preços subiram 66% e podem chegar a 100% este ano. “No hemisfério sul, a comida é mais cara ou falta e o que acaba matando não são balas ou mísseis, mas a pobreza e a fome”, disse o chanceler argentino Santiago Cafiero, que substituiu o presidente Alberto Fernández nos debates iniciais porque o mesmo se sentia indisposto.

*Com informações da AFP

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