Equador: Comunidade indígena teme ser extinta por avanço do coronavírus

  • Por Jovem Pan
  • 06/05/2020 07h56 - Atualizado em 06/05/2020 07h57
Marcelo Camargo/Agência Brasil Com medo do coronavírus, dezenas de crianças e idosos siekopais fugiram para Lagartococha, um dos maiores pântanos do país para evitar a infecção

A comunidade indígena siekopai teme ser exterminada por conta do aumento das infecções pelo coronavírus em seu território. A nação, que fica na fronteira entre o Equador e o Peru e é formada por 744 integrantes, tem 15 casos confirmados da covid-19, e registrou a morte de dois líderes idosos após sintomas da doença.

O presidente da comunidade, Justino Piaguaje, disse que muitos siekopais apresentaram sintomas da doença, mas foram informados por médicos que eram apenas efeitos de uma “gripe forte”. Segundo ele, com a morte do primeiro idoso, em meados de abril, líderes siekopais pediram ao governo que isolasse a comunidade e examinasse os habitantes, mas não tiveram resposta.

“Nós mal chegamos a 700. Fomos vítimas desse tipo de doença no passado, e hoje não queremos que a história se repita. Não queremos nosso povo dizendo que havia 700 de nós e agora há 100. Que escândalo seria para o governo equatoriano nos deixar com uma história tão triste em pleno século 21”, afirmou.

Com medo do coronavírus, crianças e idosos siekopais fugiram para Lagartococha, um dos maiores pântanos do país para evitar a infecção. Os siekopais que permaneceram em seu território, na província de Sucumbios, estão recorrendo a remédios homeopáticos para lidar com problemas respiratórios, disse Piaguaje.

Outras nações indígenas da Amazônia equatoriana também têm casos confirmados de coronavírus, de acordo com a organização indígena Confeniae.

No Peru, grupos indígenas apresentaram queixa formal à Organização das Nações Unidas (ONU) de que o governo os deixou por conta própria na luta contra o coronavírus, criando o risco de etnocídio por falta de ação.

Organizações de direitos humanos que trabalham nas regiões amazônicas do Equador dizem que o Ministério da Saúde está negligenciando comunidades como os siekopai, que ainda não receberam exames ou suprimentos médicos, apesar de sua vulnerabilidade.

*Com informações da Agência Brasil

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